Órgão diz que decisão do governo federal é inconstitucional e que reserva está sob risco ambiental.
Por G1
Após a divulgação do novo decreto sobre a extinção da Reserva Nacional
do Cobre e Associados (Renca) pelo governo, o Ministério Público Federal
do Amapá (MPF/AP) voltou a pedir a suspensão da decisão nesta
terça-feira (29).
Além disso, o órgão reforça que não haja qualquer tipo
de liberação da área para mineração.
O documento desta terça,
de acordo com o MPF/AP, é um complemento da ação divulgada nesta
segunda-feira (28) contra o novo decreto.
A Justiça Federal recebeu mais
argumentos do Ministério Público contra a extinção da reserva.
De
acordo com o texto, a reserva está sob risco ambiental -- o órgão chama a
atenção para 58 pedidos de exploração minerária.
O MPF/AP diz que o ato é inconstitucional e que o novo decreto não
apresenta uma real modificação em relação ao primeiro.
Chama a atenção,
também, para o fato de a criação do Comitê de Acompanhamento de Áreas
Ambientais não mencionar os indígenas e as comunidades agroextrativistas
e ribeirinhos que vivem na região.
Poucas mudanças
O novo decreto foi editado pelo presidente Michel Temer após uma série de críticas e de ações na Justiça sobre o futuro da antiga reserva na Amazônia.
Ele revogou a primeira norma, porém manteve a decisão de extinguir a Renca e liberar a exploração mineral em parte da área.
A decisão é contestada desde a semana passada por organizações não-governamentais, ambientalistas e celebridades.
Segundo o governo, a extinção da reserva não torna irrestrita a exploração mineral na área.
Criada em 1984 e localizada entre os estados do Amapá e do Pará, a
Renca tem mais de 4 milhões de hectares, aproximadamente o tamanho da
Dinamarca.
A área tem potencial para exploração de ouro e outros
minerais, entre os quais ferro, manganês e tântalo.
Advogados especializados em mineração e meio ambiente entrevistados pelo G1, Marcello Lima e Maurício Pellegrino de Souza apontaram alterações pontuais na comparação entre o primeiro e o segundo decreto, com poucos efeitos "práticos" sobre a exploração de minérios na Renca.
"De modo geral, juridicamente não há mudança significativa de um
decreto para outro.
O novo apenas repete e consolida o que já está, de
forma difusa, instituído na legislação ambiental e minerária em vigor no
país", explica Lima, sócio do escritório Lima Fiegelson.
A opinião segue a mesma linha da posição divulgada à imprensa pela
WWF-Brasil.
A organização não-governamental distribuiu texto no qual
afirmou que o novo decreto "apenas frisa o que a legislação ambiental já
previa”.
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