'My Web Day' era o sistema de informática usado pela empreiteira para registrar o pagamento de propina.
Por Fernando Castro e Thais Kaniak, RPC Curitiba e G1 PR
O Ministério Público Federal (MPF) informou ao juiz federal Sérgio Moro
– responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira
instância – que recebeu da Odebrecht uma cópia com todos os dados do "My
Web Day", o sistema de informática usado pela empreiteira para
registrar o pagamento de propina.
O MPF relatou ter recebido cinco discos rígidos da empresa no dia 8 de
agosto e enfatizou "que a presente ação penal não foi instruída com
nenhum elemento extraído diretamente pelo Ministério Público Federal do
referido sistema 'My Web Day'".
O documento informando a entrega foi protocolado pelo MPF no processo
eletrônico da Justiça Federal do Paraná na quarta-feira (23), porém, o
conteúdo dos discos não foi disponibilizado.
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia pedido a Sergio Moro acesso integral e cópia do "My Web Day".
O pedido foi feito na ação penal que apura se o ex-presidente recebeu como propina
um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula e um
imóvel vizinho ao apartamento do petista, em São Bernardo do Campo (SP).
Neste processo, Lula responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Outras sete pessoas também são rés.
'My Web Day'.
O "My Web Day" foi mencionado durante o depoimento de Hilberto
Mascarenhas, que era o responsável pelo setor de propinas da
empreiteira, prestado em 7 de junho.
Segundo Mascarenhas, o sistema foi adaptado para fazer o controle de
tesouraria e, atualmente, não é mais utilizado.
O "My Web Day"
funcionava como um manual da propina e foi substituído posteriormente pelo "drousys", um controle mais sofisticado e que ficava na Suíça.
Ainda conforme o depoimento, o programa continha todos os registros dos
pagamentos efetuados e a quem foram efetuados, por condinome.
"Não por nome, e a data que foi efetuado. Esse sistema existe, está no
mesmo lugar onde sempre esteve, só que bloqueado.
E lá tem essas
informações de quais pagamentos foram feitos.
E se quiser saber pra
quem, tem que pegar pelo codinome, olhar que obra era e perguntar ao
responsável, pela obra, quem era a pessoa.
Eu não sei dizer", relatou o
ex-executivo da Odebrecht.
Questionado pela defesa de Lula, Mascarenhas disse desconhecer os
contratos da Odebrecht com a Petrobras que constam na denúncia, pois não
eram da área dele.
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