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terça-feira, agosto 15, 2017

Boa Vista vira destino de uma legião de refugiados da Venezuela

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Venezuelanos deixam tudo pra trás por absoluta falta de perspectiva.
Desesperados, eles tentam encontrar um novo rumo para a vida.

 

José Roberto Burnier Boa Vista, RR

A segunda parada dos venezuelanos que estão chegando ao Brasil é a capital de Roraima, Boa Vista. 

Muitos seguem para outras cidades ou tentam recomeçar a vida em outros países da América do Sul, mas muita gente fica mesmo em Boa Vista, em abrigos improvisados.

Boa Vista virou o destino de uma legião de famintos, desesperados, de gente que tenta encontrar um novo rumo para a vida. 

Venezuelanos que deixaram tudo para trás por absoluta falta de perspectiva na terra natal. Para muitos, a vida está recomeçando aos 20, 25, 30, 40 anos.

Antes de começar essa crise migratória da Venezuela para o Brasil, encontrar venezuelanos nas ruas da capital não era tão simples, tão fácil, não, mas agora basta parar em um semáforo e logo vários deles se aproxima.

Alejandro lara tem 24 anos. 

Diz que está há dois meses na capital e não consegue emprego fixo porque ainda regularizou a documentação. 

No semáforo, ele conseguiu ganhar, no último mês, R$ 400. R$ 250 vão para o aluguel de um quarto.

“Eu era açougueiro em Caracas. 

Trabalhava das 7h30 às 20h30 e com o que eu ganhava só dava para dois comerem lá em casa. 

Eu tinha que pegar as sobras que ficavam no açougue”.

Em uma bairro afastado do centro de Boa Vista, o governo do estado transformou um ginásio que estava desativado em uma espécie de centro de acolhimento aos venezuelanos, especialmente os indígenas. 

Apesar da área ser coberta, muitos deles preferem viver do lado de fora, em barracas.

Há muita sujeira por toda parte e o que deveria ser um abrigo provisório, serve para eles dormirem em redes, fazer a comida, tudo muito precário. 

É difícil de imaginar que essa situação seja melhor do que eles estavam vivendo na Venezuela. 

Na parte de trás, as mulheres dão banho nas crianças, lavam roupa e fazem a higiene básica.

Jorge Zapata é uma espécie de cacique do abrigo e mostra a precariedade das instalações. 

Não tem água nos chuveiros. 

Tudo tem que ser limpo cinco vezes ao dia, com baldes. 

“Prometeram camas pra gente dormir, mas pelo menos, aqui comemos e temos médico uma vez por semana”, diz.
Não é muito, mas eles recebem ajuda de religiosos e de voluntários. 

Um grupo leva um pouco de alegria às crianças que, em geral, passam o dia grudadas na TV.

Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima, Gustavo Simões diz que a entrada de venezuelanos no Brasil deve continuar aumentando porque a crise no país vizinho parece longe do fim. 

Ele critica a ineficiência do poder público brasileiro em lidar com os refugiados.

“Então eu diria que os Três Poderes têm aí suas limitações na atuação com essa questão dos refugiados. 

A prefeitura tem entrado na Justiça. Tem judicializado para não cumprir com suas obrigações. 

O governo do estado tem feito muito pouco no acolhimento a esses refugiados em Boa Vista, em Pacaraima também e o Governo Federal tem destinado muito poucos recursos ao atendimento a essas pessoas”.

No bairro chamado de Caimbé, as garotas venezuelanas que cruzaram a fronteira estão de prostituindo na capital Boa Vista. 

Elas não querem aparecer, evidentemente, costumam fugir da reportagem, mas todas contam a mesma história. 

Eram estudantes na Venezuela, não conseguiram emprego fixo em Boa Vista e ficaram sem alternativa.

A situação dos venezuelanos em Boa Vista tem despertado algumas iniciativas de solidariedade. 

Como muitos deles estão vindo para o Brasil pela primeira vez, eles têm dificuldade com o português, com a língua, e isso prejudica muito na hora de conseguir um emprego, de conseguir um trabalho. 

Por isso, estudantes do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Roraima decidiram voluntariamente dar aulas de português para os venezuelanos no período da noite. 

“Eles são muito interessados”, conta a voluntária Victória Lima Murillo.

Reconstruir a vida no Brasil é um desafio que alguns venezuelanos já começam a vencer. 

Andrés Michelli chegou sozinho há um ano e meio e depois de muito batalhar, o engenheiro civil hoje é gerente geral de um supermercado em Boa Vista. 

Já trouxe boa parte da família e sonha em poder voltar, um dia. 

“Quando o governo sair, a gente ajuda a reconstruir a Venezuela. 

Ajuda a reformar e contribui para o crescimento dos nossos filhos e netos”.

A mulher que limpa os banheiros do mesmo supermercado é uma engenheira industrial venezuelana. 

Rosaura Camargo conta que, por ter feito oposição ao governo de Nicolás Maduro, seu apartamento foi invadido e saqueado por militares. Aí, decidiu fugir.

O esforço de começar do zero em outro país, sem conhecer ninguém, transborda quando ela lembra da mãe, que ela não vê há dois anos. 

“Sinto muita falta da minha família, de todas as pessoas que estão lá, sinto falta dos meus vizinhos, sinto falta da minha mãe. 

Me dá muita raiva”, desabafa.

Rosaura mora com os três filhos e um sobrinho nos fundos de uma casa em Boa Vista. 

Ela diz que a família veio pra ficar.

“Eu tenho muita fé, acho que vou ter um futuro muito bom porque minha filha fala que quer estudar medicina, meu outro filho também. 

E são filhos muito tranquilos, eu acho que eles podem ter um futuro muito melhor do que ficando na Venezuela com o governo que tem lá agora. 

Aqui no Brasil, eu nasci de novo”.

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