A Polícia Federal encontrou documentos e relatórios que "aparentam ser
tabelas de propina" durante a operação que deteve os ex-governadores
José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz, o ex-vice-governador Tadeu
Filippelli e mais sete pessoas.
Nesta sexta-feira (26), a decisão do
Tribunal Regional Federal de prorrogar o pedido de prisão temporária
usou como argumento a necessidade de continuação das investigações e a
documentação encontrada nas buscas e apreensões da Polícia Federal.
O
grupo deve permanecer na carceragem da Superintendência da Polícia
Federal em Brasília até a próxima sexta (2).
Segundo o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, além das supostas
‘tabelas de propina’, também foram encontradas agendas com marcação de
encontro entre os investigados o que pode demonstrar o vínculo entre
eles e, cheques de altos valores, dinheiro em espécie e celulares e
outras mídias que contém informações associadas ao caso.
Para a Polícia Federal, a liberação dos detidos poderia prejudicar a
“delimitação da autoria e materialidade da organização criminosa
apontada”.
Na decisão, Oliveira argumentou que as investigações não
seriam limitadas ao cumprimento de buscas e apreensões, mas que nos
próximos dias poderiam haver novos indícios de outros envolvidos.
“Nos próximos dias pode haver novos indícios de outros envolvidos, decorrente da análise pericial acerca dos elementos probatórios já apreendidos. ”
As defesas dos ex-governadores negam acusações sobre os documentos.
Ao G1,
o advogado do ex-governador José Roberto Arruda, Paulo Emílio Catta
Preta, afirmou que "até o momento não está encartado no inquérito nenhum
documento que se pareça com isso".
Entenda a operação
• A PF suspeita que a reforma do Mané Garrincha tenha sido superfaturada em R$ 900 milhões
• Na terça, dois ex-governadores do DF e um ex-vice foram presos, suspeitos de receber propina do esquema
• O ex-governador José Roberto Arruda é apontado como quem bolou a fraude à licitação
• O ex-governador Agnelo Queiroz atuou "retirando obstáculos" às obras, segundo a Justiça
• O ex-vice Tadeu Filippelli é suspeito de receber propina para o PMDB
• A Justiça bloqueou R$ 26 milhões dos três
O estádio Mané Garrincha foi construído por um consórcio formado pela
Andrade Gutierrez com a empresa local Via Engenharia.
Segundo
ex-executivos da Odebrecht, a contratação envolveu um "acordo de
mercado" – a empreiteira apresentou proposta fraca na disputa pelo Mané
e, em troca, conseguiu levar as obras da Arena Pernambuco, em Recife,
por um preço maior.
A decisão emitida na terça pelo juiz da 10ª Vara Federal Vallisney de
Souza Oliveira não explicita os valores que, segundo a investigação,
teriam sido pagos em propina aos políticos e servidores públicos.
Ao
todo, a Justiça autorizou o bloqueio de R$ 50 milhões em bens de dez
citados, além de outros R$ 100 milhões do patrimônio da Via Engenharia.
Durante a prisão temporária, os suspeitos ficam detidos na própria
superintendência da PF no DF, no Setor Policial Sul.
Dentro dos próximos
dias, a Justiça Federal também pode decretar a prisão preventiva dessas
pessoas – neste caso, elas devem ser encaminhadas ao Complexo
Penitenciário da Papuda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário