Por Henrique Branco
Como esperado, as
receitas provenientes dos royalties da exploração mineral em Parauapebas
vêm caindo. No balanço arrecadatório até o momento, entraram nos cofres
do Palácio do Morro dos Ventos R$ 572 milhões.
Esse montante
aparentemente parecer ser muito, ultrapassa a casa de meio bilhão, mas
representa apenas 55% do esperado, do orçamento aprovado no fim do ano
passado na Câmara de Vereadores.
Mesmo com a arrecadação
em queda, algo já previsível, o planejamento para o ano corrente era de
1,1 bilhão de reais.
Deverá ficar em 850 milhões, isso em estimativa
otimista.
Ou seja, pelo menos, 250 milhões a menos nos cofres
municipais, em um município em grave crise econômica, chega a ser uma
tragédia de várias ordens.
Em 2014, ano que cheguei a “capital do
minério” o orçamento estava em 1,5 bilhão de reais.
No ano seguinte,
caiu, chegando a R$ 1,3 bilhão.
No ano corrente novamente outro
decréscimo, como já anunciado aqui: 1,1 bilhão.
Se chegasse ao referido
montante, mesmo menor do que anos anteriores, já se poderia comemorar.
Mas com a tendência de queda se intensifica, a expectativa precisa ser
revisada, sempre para baixo.
É neste cenário preocupante que Parauapebas
conviverá daqui para frente.
Mais uma vez a Vale
adianta em seus relatórios que irá bater novamente novo recorde de
produção, com 10 milhões a mais em volume de tonelada exportada.
O
volume que deverá ser fechado no balanço final irá oscilar de 340 a 350
milhões de toneladas, abaixo do planejado de 380.
Mesmo assim, com o
mercado internacional variando, a Vale baterá mais um recorde, mantendo
assim a sua taxa de lucro.
Neste contexto, a vida das minas da Serra
Norte que estão em operação, deverão seguir os prognósticos de duas
décadas ou três, no máximo.
Enquanto o cenário
tenebroso aumenta, o futuro torna-se cada vez mais incerto, as
autoridades públicas da “capital do minério” assistem passivamente a
tudo.
Por conta da disputa eleitoral, o debate e propostas sobre a
diversificação da cadeia produtiva, da matriz econômica veem à tona.
Depois da eleição tudo volta ao normal.
A Vale continuará a retirar cada
vez mais rápido minério, exaurindo as minas que estão em operação nas
serras ao norte, que contornam os limites territoriais parauapebenses e a
teoria da maldição dos recursos naturais continuará acontecer.
Richard Auty teorizou
sobre as economias que são dependentes quase que, exclusivamente, de um
único recurso finito, com data para acabar, quase sempre, bem antes do
planejado.
Por isso lançou a teria: “Maldição dos recursos naturais”.
Seria sustentada no paradoxo da abundância de recursos não renováveis e o
mal que eles causam a uma determinada região.
Auty, afirma que a
supremacia e dependência de um único recurso causariam: declínio de
outras atividades econômicas e tornaria a receita de arrecadação
volátil.
Ou seja, o município sempre teria indefinição orçamentária,
podendo acarretar risco no cumprimento de compromissos.
Se a compra do
produto entrar em declínio, diminuir a sua compra no mercado
internacional, as arrecadações despencariam.
Isso já está acontecendo em
Parauapebas.
A triste sina do
município que está assentado na maior reserva mineral do planeta, mas
mostra-se incapaz de promover o próprio desenvolvimento através do que a
natureza lhe ofereceu.
O futuro é construído pelo presente.
Que presente? Qual futuro?
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