Banners


Create your own banner at mybannermaker.com!

segunda-feira, julho 04, 2016

Sérgio Moro explica propina de R$ 18 milhões para a WTorre em licitação

31ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada nesta segunda-feira (4).
Juiz federal diz que 'imprevisto' levou empresas a pagarem propina.

Aline Pavaneli e Thais KaniakDo G1 PR
O presidente da WTorre, Walter Torre Júnior, entrou na mira da Operação Lava Jato
 O presidente da WTorre, Walter Torre Júnior, entrou na mira da Operação Lava Jato

A investigação da 31ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (4), apurou que a empresa WTorre Engenharia e Construção S/A (WTorre) recebeu R$ 18 milhões em propina para desistir da licitação para a execução da obra do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, no Rio de Janeiro.

No despacho em que autoriza a nova etapa da Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro explicou que um "imprevisto" levou as empresas que compõem o Consórcio Novo Cenpes oferecerem a propina à WTorre. 

A empreiteira, que não tinha participado dos ajustes prévios, fez uma proposta de valor inferior em R$ 40 milhões das demais empresas que formavam o consórcio.

A WTorre apresentou o preço de R$ 858.366.444,14, enquanto o valor do Consórcio Novo Cenpes era de R$ 897.980.421,13. 

Então, as empresas ofereceram R$ 18 milhões para que a WTorre desistisse da licitação.

As empresas envolvidas no esquema são: OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Shahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia.

O ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro – tanto ele quanto a empreiteira são investigados desde a 7ª fase da Lava Jato, deflagrada em novembro de 2014 – foi quem fez a proposta para a WTorre.

Segundo a decisão de Moro, a propina foi oferecida a Walter Torre, dirigente da WTorre, e ao executivo da empresa Francisco Geraldo Caçador.

Ao aceitar a propina, a WTorre se retirou da negociação, e o Consórcio Novo Cenpes apresentou um valor menor, de R$ 849.981.400,13, conseguindo vencer a licitação. 

O contrato, conforme o despacho, foi assinado em janeiro de 2008.

Na decisão, Moro explica que, após a licitação, a Petrobrás convoca a primeira colocada para negociar o valor da proposta e obter um preço ainda melhor. 

Como vencedora, a WTorre tinha prioridade na negociação. 

Foi marcada uma reunião para setembro de 2007, porém, nenhum representante da empresa compareceu ao encontro. 

Já a OAS, representando o Consórcio Novo Cenpes, foi à reunião, reduziu o valor da proposta e fechou o contrato com a estatal.

Moro afirma, no despacho, que causa estranheza o fato de a OAS ofertar a redução do valor da proposta antecipadamente: cinco dias antes da reunião em que a WTorre não enviou representantes.

Segundo o juiz, não há informação de como os R$ 18 milhões foram pagos pelo consórcio vencedor para a WTorre. 

O Ministério Público Federal (MPF) informou que o valor foi pago entre 2007 e 2012. 

Executivos da Carioca Engenharia disseram que a OAS, líder do consórcio, ficou responsável pelo pagamento da propina à WTorre, conforme consta no despacho.

O procurador do MPF Roberson Henrique Pozzobon também disse que a Petrobras e o consórcio fecharam o contrato depois de uma renegociação de preços: "Um contrato que começou com valor de R$ 850 milhões terminou com valor superior a R$ 1 bilhão".

O ex-gerente da área de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, que é réu-colaborador da Lava Jato, relatou que a obra ganha pelo Consórcio Novo Cenpes rendeu propinas de 2% do valor do contrato. 

O valor foi destinado, segundo o delator, ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque – já condenado a mais de 20 anos de prisão pela Lava Jato –  e a agentes do Partido dos Trabalhadores (PT).

Dirigentes de uma das empresas que formavam o consórcio, Carioca Engenharia, reconheceram a fraude à licitação para beneficiar o consórcio Novo Cenpes e pagamentos de propinas, conforme o MPF. 

Ainda segundo o MPF, eventos, contratos fictícios e transferências bancárias confirmaram a manipulação da licitação.

O que dizem as defesas

Em nota, a WTorre informou que não teve participação nas obras do centro de pesquisas da Petrobras e que não recebeu ou pagou "valor referente a esta ou a qualquer outra obra pública". 


A empresa diz ter fornecido a documentação sobre o orçamento da licitação e que está à disposição das autoridades.

O Grupo Schahin informou que compreende os trabalhos de investigação e que vai continuar colaborando com as autoridades.

As construtoras Construbas e a Carioca ainda não comentaram o assunto.

 Já a Construcap, a OAS e Ferreira Guedes informaram que não vão falar.

O advogado Roberto Brzezinski, defensor de Renato Duque, disse que não tem conhecimento dos fatos e que só se vai manifestar no processo quando comunicado oficilmente.

O PT informou ao G1 que não irá se pronunciar.

RESUMO DA 31ª FASE

– Objetivo: organização criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro;


– Mandados judiciais: 22 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva, quatro mandados de prisão e sete mandados de condução coercitiva;


– Presos preventivos: Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT;


– Presos temporários: -Edson Freire Coutinho, ex-executivo da Schahin Engenharia, e Roberto Ribeiro Capobianco, presidente da Construcap;


- A PF ainda busca Erasto Messias da Silva Jr., da construtora Ferreira Guedes; e Genesio Schiavinato Jr, diretor comercial da construtora Construbase.


– Conduções coercitivas: - Walter Torre Junior, presidente da WTorre;



- Francisco Geraldo Caçador, executivo da WTorre;


- Raimundo Grandini de Souza Lima, representou a OAS e o Consórcio Novo Cenpes em reuniões;


- José Antonio Marsílio Schuwarz, diretor de engenharia da Schahin;
- Eduardo Ribeiro Capobiano, sócio da Construcap;


- Celso Verri Villas Boas, da Construcap.


– O que descobriu: Um grupo de empreiteiras formou um cartel e acertou o preço da licitação, mas a WTorre decidiu participar da disputa, oferecendo um valor menor pela obra. Entretanto, segundo o MPF, R$ 18 milhões foram pagos para que a WTorre desistisse da licitação.


Quem recebeu o dinheiro ilegal, segundo o MPF:

- WTorre: R$ 18 milhões
-  Adir Assad, operador: R$ 16 milhões
- Roberto Trombeta e Rodrigo Morales, operadores: R$ 3 milhões
- Mário Goes, operador: US$ 711 mil
- Alexandre Romano, ex-vereador pelo PT, também considerado operador do esquema: R$ 1 milhão.


O advogado de Paulo Ferreira, José Roberto Batochio, afirmou que o cliente não tem qualquer participação nos fatos. 

Aloísio Medeiros, defensor de de Roberto Ribeiro Capobianco, disse que não teve acesso ao processo e negou irregularidades.

A reportagem tenta contato com os advogados dos demais envolvidos.

Nenhum comentário:

Pastor Davi Passamani abriu novo local de culto em fevereiro após renunciar cargo em igreja depois de investigações de crimes sexuais Polícia Civil disse que prisão preventiva foi necessária porque pastor cometeu crimes usando cargo religioso.

Advogado alegou que prisão do pastor faz parte de ‘conspirações para destruir sua imagem’. Por Thauany Melo, g1 Goiás 07/04/2024 04h00.    P...