De janeiro a maio, órgão gastou R$ 10,7 milhões na retirada de entulhos.
DF tem 897 lixões; locais incluem área nobres, como vizinhança do Jaburu.
O
catador Emílio Silva, que mora com 19 famílias em um lixão junto à
cerca do Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente em
exercício, Michel Temer (Foto: Alexandre Bastos/G1)
Alguns dos pontos de descarte irregular de lixo e entulho estão em áreas nobres de Brasília – um dos maiores fica junto à cerca do Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente em exercício, Michel Temer, e do Clube de Golfe.
Saiba mais:
Para limpeza dessas áreas, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) gastou R$ 15 milhões em 2015.
De janeiro a maio deste ano, o custo de remoção de entulhos dessas áreas chegou a R$ 10,7 milhões.
Essas áreas de descarte continuam a crescer mesmo com a aplicação de multas, que variam de R$ 74 a R$ 185 mil, dependendo do local, da quantidade e do tipo do resíduo descartado irregularmente.
A quantidade diária de lixo produzida pelos moradores do DF é de 2,7 toneladas. Mais de 70% – 1,9 tonelada – são resíduos da construção civil.
Atualmente, existem quatro áreas de transbordo, triagem e reciclagem de resíduos, nas regiões do Gama, Brazlândia, Sobradinho e Asa Sul.
Nenhuma, porém, é específica para receber entulhos de obras.
Imagem
de satélite mostra lixão a céu aberto junto às áreas do Palácio do
Jaburu, residência oficial da vice-Presidência, Clube de Golfe de
Brasília e do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília (Foto:
Google/Reprodução e G1)
Eles afirmam ocupar o local há mais de oito anos.
Nesse período, eles foram removidos do local duas vezes, mas acabam retornando, devido à falta de opções de renda.
No lixão, eles ganham algum dinheiro com a separação de material para reciclagem.
“Nós sobrevivemos da reciclagem.
Eu crio galinhas, até elas foram empurradas nas retiradas.
Em algumas derrubadas eles [servidores do governo do Distrito Federal] têm educação para remover”, afirma o catador Rômullo Soares, que é “vizinho” do presidente em exercício.
O catador Emílio Silva afirma ganhar R$ 300 mensais com a venda de material reciclável que chega em caminhões que descarregam lixo no local diariamente.
Os catadores conseguem R$ 0,10 por cada quilo de sucata vendida.
Segundo eles, o quilo das latinhas de alumínio varia de R$ 0,18 a R$ 0,20.
A venda do material é feita a cooperativas.
O
catador Santiago Sousa carrega um dos sacos de 30 kg de latinhas para
pesagem; material é vendido a cooperativa de reciclagem (Foto: Alexandre
Bastos/G1)
Segundo ele, os veículos trazem para a área resíduos produzidos nos ministérios e prédios públicos da Esplanada.
O SLU retira parte do entulho e lixo deixado irregularmente nessas áreas e leva o material para aterros regulares, como o do Jóquei, na Cidade Estrutural.
De acordo com o órgão, a situação só deve melhorar quando for o inaugurado o aterro de Samambaia, previsto para começar a operar ainda neste semestre.
A nova área de descarte, na DF-180, entre Samambaia e Ceilândia, deve permanecer em atividade por até 13 anos, segundo o SLU.
O local aguarda apenas o fim da construção de galpões onde o material será estocado.
Gari recolhe material reciclável em lixão irregular de Brasília, em área de cerrado (Foto: Alexandre Bastos/G1)
A professora do Núcleo de Sustentabilidade da Universidade de Brasília, Izabel Cristina Zaneti, afirma que os depósitos irregulares de lixo trazem prejuízos ambientais e financeiros que podem ser irreversíveis.
"No Distrito Federal temos uma série de áreas de proteção ambiental e nascentes que podem ser afetadas com o descarte irregular de lixo.
Os materiais podem produzir chorume [resíduo líquido do lixo], que contamina os lençóis freáticos e a própria terra", afirma.
Na UnB, a professora lidera um grupo que busca implementar coleta seletiva nos quatro campi da universidade.
Ela também realiza oficinas de capacitação com a comunidade acadêmica.
Izabel afirma que a solução para a questão do lixo precisa ser pensada com antecedência e planejamento.
"O aterro sanitário é a maneira mais correta de se dispor os resíduos.
No local, existem duas camadas que impermeabilizam o solo e não permitem ao chorume descer à terra.
É uma obra caríssima, porém não permanente.
Depois de 15 anos é preciso encontrar outro lugar."
Caminhão
de cooperativa de reciclagem de Taguatinga coleta material reunido por
catadores em área de despejo irregular da Asa Norte (Foto: Alexandre
Bastos/G1)
"Em 2010 foi sancionada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas a dificuldade está em aplicar e regulamentar a lei dentro dos estados, municípios e do DF.
Por mais de 20 anos esse assunto foi discutido na Câmara Federal com professores e profissionais", diz.
Segundo ela, após a inauguração do aterro de Samambaia, o lixão da Estrutural – um dos maiores da América Latina – deve ser desativado e usado somente como área de transbordo, para separação do lixo volumoso antes de sua destinação final.
Funcionário
de cooperativa confere calibragem de balança usada na pesagem de
material reciclável coletado com catadores da Asa Norte (Foto: Alexandre
Bastos/G1)
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