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sábado, junho 04, 2016

Venezuelanos trocam produtos pela internet para driblar escassez

04/06/2016 08h00 - Atualizado em 04/06/2016 08h00

Mãe de bebê de dois meses criou grupo para conseguir produtos para o filho.
Venezuela tem desabastecimento de comida, remédios e produtos de higiene.

Marina FrancoDo G1, em São Paulo
Venezuelano posta produtos para negociar troca com outros usuários em grupo no Facebook; páginas foram criadas para driblar a escassez nos mercados (Foto: Reprodução/ Facebook)Venezuelano posta produtos para negociar troca com outros usuários em grupo no Facebook; páginas foram criadas para driblar a escassez nos mercados (Foto: Reprodução/ Facebook)
 
Impactados pela falta de produtos básicos à venda, os venezuelanos estão se organizando pela internet para trocar o que conseguiram comprar nos supermercados e farmácias por aquilo que mais precisam e não encontram.


A Venezuela está em “emergência econômica”, decretada pelo presidente Nicolás Maduro

 A alta dependência da importação e o baixo orçamento do país devido à queda do preço do petróleo, sua principal fonte de divisas, está levando a uma escassez de produtos básicos nas prateleiras dos supermercados, farmácias e hospitais. 

O Parlamento decretou “crise humanitária em saúde”.

Cansada de não encontrar fórmulas de bebês para seu filho de dois meses, Yaritza Villegas, de 32 anos, decidiu criar um grupo no Facebook para promover trocas de produtos entre os moradores de Caracas

Ela diz que há mais de um ano percebe uma escassez de produtos nas prateleiras, e passou a sofrer mais com isso depois que seu filho nasceu.

“Há mais de um ano estou nessa. Ainda mais por ter um bebê de dois meses, e não há fórmulas. Me afeta tanto que até chorei de preocupação”, diz Yaritza ao G1.

“Eu queria ter um bebê e o planejei porque naquele momento a situação não estava tão preocupante”, lamenta.

Yaritza Villegas criou grupo no Facebook para promover trocas de produtos entre os moradores de Caracas (Foto: Reprodução/ Facebook)Yaritza Villegas criou grupo no Facebook para promover trocas de produtos entre os moradores de Caracas (Foto: Reprodução/ Facebook)
 
Através do grupo que criou, Yaritza já trocou produtos como arroz, leite, farinha, papel toalha, além de fórmulas e fraldas para seu filho.

“Sou enfermeira, tenho a minha casa, meu carro e o dinheiro não é suficiente”, relata. 

“Está cada vez mais difícil. 

É lamentável o que estamos passando”.

Os usuários postam fotos de potes de maionese, molho de tomate, sacos de farinha, pacotes de fraldas, tubos de pasta de dente, entre outros, e pedem em troca mercadorias específicas. 

Os interessados na troca se correspondem por mensagem privada e combinam o melhor local para se encontrarem, o que geralmente acontece em estações de metrô, segundo Yaritza.

Regras
 
Alguns grupos de trocas estabelecem regras, como por exemplo, a de que os produtos devem ser trocados na mesma quantidade e sem diferença em dinheiro. 


Os participantes tentam escapar de serem vítimas da prática de contrabando, chamada de “bachaqueo” e que tem se intensificado com a crise. 

Para se aproveitar da situação, os “bachaqueros” revendem produtos a um preço até cinco vezes maior do que o que foi cobrado.

Pessoas formam fila em frente a mercado na Venezuela, nesta sexta-feira (15) (Foto: REUTERS/Marco Bello)Pessoas formam fila em frente a mercado na Venezuela (Foto: REUTERS/Marco Bello)
 
“Todos os produtos que se vendem aqui são obtidos com sacrifício (...). 

 Este grupo consiste em nos ajudarmos para lidar melhor com essa miséria em que o país se converteu”, diz Jackson Vasquez, administrador de outro grupo.

Entre as regras estão: “Trocar produtos um por um, sem pedir diferença de dinheiro nem vários produtos por um. 

E vender sem abusar. 

Ganhem, mas não procurem ganhar o dobro do custo porque seriam bachaqueros, que são a pior escória da Venezuela”.

Troca de informações
 
Os participantes desses grupos também trocam informações sobre onde encontrar determinados produtos.

Em uma página específica para doações de medicamentos, um morador da cidade de Barquisimeto pergunta onde se pode encontrar tiras para medidores de glicose para a mãe que é diabética. 


Outra usuária responde com a dica de uma rede de farmácias em que viu o produto.

Fraldas e produtos de higiene estão entre os produtos que são trocados entre os venezuelanos pela internet (Foto: Reprodução/ Facebook)Fraldas e produtos de higiene estão entre os produtos que são trocados entre os venezuelanos pela internet (Foto: Reprodução/ Facebook)
 
Neste grupo há diversos pedidos de doações de remédios de todo o tipo, desde para tratar câncer até dores de estômago.

Tragédia
 
A falta de remédios na Venezuela força a população a peregrinar por farmácias, inclusive de outras cidades e até de outros países


 Nos mercados, formam-se longas, antes mesmo do amanhecer, para as compras. 

A associação médica da Venezuela chegou a anunciar um "holocausto da saúde" devido à escassez de medicamentos e materiais hospitalares.

De acordo com Douglas Leon, presidente da Federação Médica, o desabastecimento nos hospitais chega a 95%, enquanto em farmácias é de 85%. 

Já a escassez de alimentos em Caracas é calculada em 80% pela empresa Datanálisis.

O país já passou por outras crises de escassez em anos anteriores e o governo fez tentativas de controlar a inflação. 

Em 2014, entrou em vigor a chamada Lei de Preços Justos, que estabelece um limite de 30% para a margem de lucro no comércio no país, com pena prevista de 10 anos de prisão para especuladores.

Pessoas fazem fila nesta sexta-feira (4) em mercado popular de Caracas para comprar comida (Foto: AFP PHOTO / LUIS ROBAYO)Pessoas fazem fila em mercado popular de Caracas para comprar comida (Foto: AFP PHOTO / LUIS ROBAYO)
 
No final daquele ano Maduro também implementou um mecanismo de controle biométrico para limitar as compras de produtos e alimentos mercados das redes governamentais do país. 

O sistema impede que uma pessoa compre o mesmo produto duas vezes na mesma semana.

Por conta do desespero da população, a incidência de saques e de violência também tem aumentado

Além disso, moradores dos 10 estados mais populosos e industrializados enfrentam apagões diários de quatro horas. 

Os funcionários públicos têm folga três dias por semana, também para enfrentar a crise na energia.

Mulheres seguram rolos de papel higiênico em fila de supermercado de Caracas, nesta sexta-feira (17) (Foto: Jorge Silva/Reuters)Mulheres seguram rolos de papel higiênico em fila de supermercado de Caracas (Foto: Jorge Silva/Reuters)
 

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