02/09/14 07:18
A previsão sobre o menino estava errada, mas não era infundada.
Claudio Vieira de Oliveira nasceu em Monte Santo, no interior da Bahia, com artrogripose congênita, doença rara que deixou seus membros deformados e sua cabeça virada para trás permanentemente.
Para ela, a chave da educação e da independência do menino foi criá-lo de igual para igual com seus outros cinco filhos.
— O Claudio é assim de bem com a vida porque eu, seus irmãos e seu pai antes de morrer, todo mundo em casa trata ele normal.
Ninguém tem peninha.
Se precisar dar bronca, dou igual aos outros — explica a mãe, hoje com 70 anos. —
Sempre levava ele para tudo que é canto, ele cresceu vendo gente, e todo mundo vendo ele também.
Ele cresceu cercado de muito amor, isso que evita que ele tenha complexo — acredita.
Discriminação
Apesar da criação ser a mais normal possível, Maria José temia que da porta para fora o menino não recebesse o mesmo tratamento.
Foi isso que atrasou a alfabetização de Claudio, que tem 37 anos.
— Tinha medo que os meninos machucassem, que não aceitassem.
Resolvi fazer um sacrifício e botar ele numa escolinha particular que tinha aqui na cidade.
Costurava manhã, tarde e noite para conseguir pagar — recorda.
— Eu tive que lutar aqui na minha casa para me matricular numa escola pública.
Conversamos com os diretores, os professores.
Mas consegui entrar e fiquei até o fim do Ensino Médio — diz Claudio.
Hoje, apesar de seu filho viajar com regularidade — ele trabalha dando palestras motivacionais —, Maria José não teme mais que ele seja vítima de discriminação, porque “todo mundo por aí sempre gosta dele”.
Para a aposentada, católica, uma das maiores emoções que seu filho lhe trouxe foi o encontro com o Papa João Paulo II e o Papa Francisco.
— Eu já ouvi relatos de outras pessoas com necessidades especiais que viviam ou vivem diferentes das demais.
Vivem num mundo fechado.
A pessoa sente a discriminação, o preconceito.
Eu fui diferente.
Desde cedo fui motivado por muitas pessoas da minha família, principalmente minha mãe — diz Claudio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário