Teatrólogo afirma ter autorizado Vilmar Godinho a tomar conta do lugar.
Justiça determinou saída de morador de área de proteção ambiental.
Do G1 SC Moradores da região de Palhoça pedem que Vilmar fique na Serra do Tabuleiro (Foto: Thiago Bittencourt de Medeiros/Divulgação)
O dramaturgo e teatrólogo Wilson Rio Apa, de 90 anos, afirma ser
proprietário, há pelo menos três décadas, de uma área na Serra do
Tabuleiro, onde um homem vive em uma estrutura montada dentro de uma caverna há 26 anos.
A decisão tem gerado protestos na região e nas redes sociais.
Apa afirmou que Vilmar vive no local, em Palhoça, na Grande
Florianópolis, com sua autorização.
“Eu não estava sabendo desse
despejo.
Eu autorizei o Vilmar a morar naquela caverna há mais de 20
anos. Não lembro mais qual o tamanho daquela área, mas tenho toda a
documentação.
Aquela propriedade é minha e o Vilmar tem que ficar, ele
toma conta daquilo tudo.
Vou ver essa situação e pedir a um advogado
para intervir ”, afirmou Apa.
De acordo com o Cartório de Registro de Imóveis de Palhoça, Apa é proprietário de terrenos na região da Pinheira, em Palhoça, há anos.
De acordo com o Cartório de Registro de Imóveis de Palhoça, Apa é proprietário de terrenos na região da Pinheira, em Palhoça, há anos.
No
entanto, como os registros são antigos, não é possível especificar se a
área onde fica a caverna onde Vilmar vive é um desses terrenos que
pertencem a Apa, conforme o cartório.
Amigos consideram Vilmar um 'defensor da natureza'
(Foto: Karuna Gargantiel)
(Foto: Karuna Gargantiel)
Área foi desapropriada
A assessoria de imprensa da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma) informou que a área foi desapropriada para implantação do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, no anos 1970.
Por causa disso, Wilson
não poderia mais ser considerado proprietário da área.
O G1 perguntou à Fatma se Apa seria uma das pessoas
que aguardam indenização por terrenos que foram desapropriados para
implantação do Parque da Serra do Tabuleiro, mas o responsável por esse
setor estava impossibilitado de checar a informação, disse a assessoria
de imprensa.
Sobre a decisão da Justiça, a Fatma informou que "cumpre a determinação
da Justiça e, ao mesmo tempo, busca se há alguma saída legal para a
situação".
Apa, por sua vez, informou ao G1 que comprou o terreno de pessoas que viviam no local antes da implantação do parque e que nunca foi procurado pela Fatma ou por outro órgão do estado em relação à desapropriação da área.
Multa de R$ 500 ao dia
Apa, por sua vez, informou ao G1 que comprou o terreno de pessoas que viviam no local antes da implantação do parque e que nunca foi procurado pela Fatma ou por outro órgão do estado em relação à desapropriação da área.
Multa de R$ 500 ao dia
O pedido para que Godinho deixe a área foi feito pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e tem gerado protestos de simpatizantes que consideram Vilmar Godinho um "defensor do meio ambiente".
No dia 29
de fevereiro, a Justiça de Palhoça determinou que Vilmar deve desocupar
o local, sob pena de multa diária de R$ 500.
Movimento Fica Vilmar postou um vídeo mostrando a caverna da Serra do Tabuleiro (Foto: Reprodução)
Na sentença, a juíza substituta Cíntia Werlang afirma que no local
Vilmar construiu uma habitação rudimentar de 28 m² sob uma pedra em área
de preservação permanente.
Há no local um espaço que funciona como
cozinha, com um fogão a lenha, e uma pequena horta.
A Justiça afirma que
ele também obtém recursos naturais do parque, como lenha e água.
Idoso pode ser responsabilizado
Conforme o promotor José Eduardo Cardoso, o fato de a área ter um proprietário não muda em nada a situação da ação civil pública.
“Nunca foi apresentado nenhum título daquela área. Se tem um dono, ele pode ser corresponsável pela ocupação da caverna.
Idoso pode ser responsabilizado
Conforme o promotor José Eduardo Cardoso, o fato de a área ter um proprietário não muda em nada a situação da ação civil pública.
“Nunca foi apresentado nenhum título daquela área. Se tem um dono, ele pode ser corresponsável pela ocupação da caverna.
O Vilmar cometeu o
ilícito ao invadir a área e o proprietário, ao permitir.
É importante
que fique claro que além de Vilmar Godinho, a ação tem como réus a Fatma
e a Prefeitura de Palhoça, que se omitiram no caso da invasão”,
explicou Cardoso.
A ação é direcionada também contra Fatma e o município, porque o
promotor entende que esses órgãos deveriam ter impedido a ocupação.
A Procuradoria Geral do Município de Palhoça informou por meio da
assessoria de imprensa da prefeitura que a "responsabilidade é da Fatma
porque o Parque é de gestão e propriedade desse órgão.
E que eventual
responsabilização deve ser buscada diretamente do cidadão".
Ainda
conforme a procuradoria, o município não sabia, oficialmente, da
ocupação da área.
Para o jornalista Dagoberto Bordin, amigo de Godinho e colega em um
jornal comunitário, Vilmar está sendo criminalizado injustamente.
“Estabeleceram uma multa a uma pessoa que não tem renda nem onde morar.
Embora ele possa ficar na casa dos amigos, o lugar dele é na caverna
onde sempre viveu.
O que estão fazendo é um absurdo”, protesta o morador
da Pinheira.
Protesto no sábado teve participação de Vilmar (de camiseta azul) (Foto: Thiago Bittencourt de Medeiros/Divulgação)
Protesto de moradores
No sábado (23), moradores da região de Palhoça fizeram o segundo protesto de um movimento que estão chamado de “Deixem Vilmar em paz”.
Os
manifestantes, acompanhados do próprio Vilmar, caminharam da praça da
Pinheira até a feirinha circular da comunidade com faixas e cartazes,
pedindo a permanência dele.
Na sexta-feira (22), ocorreu o primeiro
protesto na Praia de Cima, em Palhoça.
"Toda a comunidade se uniu em torno do Vilmar, é um consenso que o
trabalho que ele faz no parque é fundamental para preservação do meio
ambiente, que ele é um exemplo de ser humano, sobre como viver em
harmonia com a natureza", afirma o amigo Dagoberto Bordin.
Uma petição online para ser entregue ao Ministério Público de Santa
Catarina estava em andamento na manhã desta segunda-feira e até as 13h
tinha 7.187 assinaturas.
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