Parodiando o célebre chiste sobre as mães, dos barões da comunicação do Pará, assim como dos seus prepostos, pode-se dizer que são todos iguais – mudam apenas de endereço -, com a peculiaridade adicional de que estão, sempre, a uma distância abissal da generosidade materna.
Esta é a conclusão na qual fatalmente se
desemboca, diante do imbróglio do qual foi vítima o jornalista Carlos
Mendes, demitido de forma ignominiosa, sob pretextos graciosos, do Diário do Pará,
o jornal do grupo de comunicação da família do senador Jader Barbalho, o
morubixaba do PMDB no Estado, do qual era repórter especial.
Um dos
mais longevos jornalistas em atividade no Pará, com passagens pelos
principais jornais do Estado, Mendes, consensualmente reconhecido como
um profissional de competência e experiência comprovadas, é
correspondente há quase 20 anos de O Estado de S. Paulo, um dos
mais importantes jornais da grande imprensa brasileira.
Indagado sobre
as razões ocultas da demissão, ele é objetivo: “Não sei, não faço
ideia.”
Um garimpeiro da informação, obsessivo na busca da notícia, já
neste sábado, 18, Mendes colocou no ar o blog Ver-o-Fato,
no qual revela, com exclusividade, que um juiz do TJ do Pará, o
Tribunal de Justiça do Estado, é acusado de agredir uma testemunha.
A demissão de Mendes, por mais
questionável que soasse, seria apenas mais uma, na cíclica razia que
atinge as redações, não fosse pelas circunstâncias.
Na quarta-feira, 15,
quando encontrava-se no ambulatório da Unimed, onde lhe aplicavam uma
injeção, para combater uma virose, ele foi alcançado por um telefonema
do novo diretor de redação do Diário do Pará, Klester
Cavalcanti, um jornalista pernambucano, que militou na grande imprensa
nacional, importado pelos Barbalho como parte da estratégia que
previamente sedimenta a candidatura ao governo estadual, em 2018, de
Helder Barbalho, o inexpressivo ministro da Pesca da presidente petista
Dilma Rousseff, protagonista de um governo calamitoso, pontuado por
recorrentes denúncias de corrupção.
Um personagem que exibe uma
biografia de impecável irrelevância, Helder é filho e pretenso herdeiro
político de Jader Barbalho, a mais longeva liderança da história
política do Pará, estigmatizado nacionalmente como ícone da corrupção,
nódoa que a ele aderiu na esteira de uma súbita evolução patrimonial e
de indícios que associam seu nome a tramoias na administração pública.
No telefonema, Klester Cavalcanti
comunicou a Carlos Mendes que este estava demitido, a pretexto de que a
apuração de suas matérias seriam supostamente superficiais, mas também
porque não comparecera à reunião convocada pelo novo diretor de redação
do Diário do Pará com os repórteres especiais do jornal.
Pelo
currículo de Mendes, a alegação de desídia profissional soa graciosa,
como evidenciam suas reportagens. Quanto a reunião convocada por
Cavalcanti, Mendes a ela realmente não compareceu, porque no dia estava
no município de Moju, cumprindo uma pauta para o Estado de S. Paulo,
do qual é correspondente. Para além dos motivos alegados, as
circunstâncias soaram tanto mais ignominiosas porque a demissão foi
consumada por telefone, um ultraje que supera os padrões de desrespeito
profissional dos barões da comunicação do Pará, incorporados, por
osmose, por seus prepostos.
O imbróglio ainda embute um agravante:
Mendes foi contratado diretamente por Jader Filho, o diretor-presidente
do Diário do Pará, que não teve, porém, a dignidade de se
encarregar de comunicar-lhe a decisão de demiti-lo, em um flagrante
desrespeito profissional.
Um desrespeito condimentado pela covardia
moral exibida por Jader Filho, ao não atender o telefonema que lhe foi
feito por Mendes, após ser comunicado da decisão.
Fonte: Blog do Barata.
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