Pr. Reinaldo Ribeiro. |
Essa
questão me faz lembrar nitidamente de Jesus sendo interrogado e indagado
por Pilatos se era realmente rei, ao que Ele prontamente respondeu da
forma mais surpreendente e impactante possível: “o meu reino não pertence a este mundo!...” (João 18:36)
O reino de
Deus não é deste mundo e não está entre nós com visível aparência, pois
em verdade ele está em nós, habitando em nossos corações redimidos.
Inicialmente
convém ressaltarmos que o pastor não é um sacerdote como no modelo do
Velho Testamento e que atualmente, por ignorância do povo, e má intenção
de muitos deles, está sendo afirmado, contra a Palavra e seu ensino, e
sim apenas um sacerdote como qualquer outro irmão em Cristo.
O que
passar disso é falácia, é o velho catolicismo seduzindo a consciência
reformada para a adesão à velha ordem, é a manipulação conveniente das
Escrituras, pois lhes dá poder e autoridade maiores dos que os verdadeiramente conferidos pela Nova.
Em seguida
devemos refletir que o povo cristão já perdeu há muito tempo a desculpa
de que "nós precisamos da presença-sal e da presença-luz da igreja
no cenário político".
Dizer isso, hoje não passa de fútil redundância.
Esse era o discurso nas décadas de sessenta e setenta.
De lá pra cá já
vimos o que os evangélicos podem fazer na política, e o que temos visto
não é digno de nossa aprovação.
Portanto, não cabe mais o argumento de
que a presença evangélica em qualquer coisa possa significar um salto de qualidade.
Outra
afirmação que preciso fazer é que se o sal evangélico tivesse o sabor
que tanto afirmam, o melhor lugar para senti-lo seria na própria
comunhão da igreja, onde, de fato, na maioria dos exemplos que temos
visto, o gosto não é de sal, mas de absinto; e a luz, quando existe, não
passa de luz negra.
Ao contrário, na maioria dos casos, os evangélicos
já provaram que são tão ou mais corrompidos que os demais, sem falar que
em geral são conhecidos e rotulados pela opinião pública como
oportunistas, despachantes de pequenos interesses, moralistas, e sem
qualquer qualidade ética e de consciência.
No atual quadro político não
nos faltam evangélicos em todas as instâncias do poder, e a presença
deles nada significou além de vergonha para a Igreja, despreparo,
ufania, e incapacidade de se enxergarem e oferecerem um mínimo de
lucidez a qualquer coisa.
É óbvio que não cometei aqui o absurdo de generalizar, pois evidentemente ainda temos homens
decentes e comprometidos com o Reino de Deus no contexto político
(pelos quais devemos orar constantemente).
Mas tal como no caminho da
salvação, eles são uma minoria, sendo o resto laia da pior espécie,
acerca dos quais se deve não apenas reprovar seus atos, como também dos
tais desejar estar bem distante.
MINHA POSIÇÃO SOBRE PASTORES POLÍTICOS
Sobre o aspecto central e que deu título a esse artigo eu afirmo que:
1. Nenhum pastor deve se candidatar como pastor, e muito menos em nome de Deus.
Quem desejar pleitear um cargo
desses, que o faça em nome de sua própria consciência como indivíduo, e
nunca em nome da igreja e muito menos em nome de Deus.
Fazer isto é
ideologizar a Deus e a igreja, e o fim é sempre blasfemo e corrompido.
2. A
maioria (não todos) dos pastores que se candidatam não passa de
oportunistas que concluíram que a igreja é o melhor curral eleitoral que
pode existir.
São lobos explorando a ingenuidade do rebanho.
3. Há
grande relação entre o avanço de pastores na política com o atual
momento de corrupção espiritual da igreja, onde, visando os fins mais
diversos, usa-se e abusa-se do nome de Deus de modo nauseante e
asqueroso.
São essas portas malditas, uma vez escancaras, devido à
relação promíscua com o mundo e com o dinheiro, que produzem em escala
industrial o flagrante caos da fé, perpassando igrejas históricas,
renovadas, pentecostais e, sobretudo, as neopentecostais, que são
verdadeiras casas de comercio da fé, autênticos covis de salteadores,
exploradores, e lobos vestidos em pele de ovelha.
Em verdade, eles
desejam poder, e seu espírito é pior do que o de um incrédulo.
E o que
sobra de responsabilidade por conta desse quadro vergonhoso, tenha
certeza, podemos colocar na conta dos apóstolos da maldição hereditária,
da confissão positiva, da neurolinguística cristã, da teologia da
prosperidade, na ênfase ao crescimento numérico a qualquer preço, e ao
espírito de marketing empresarial que entrou na igreja e lhe corrompeu a
alma.
Não por acaso é justamente nesses ambientes que mais se observam
os chamados pastores políticos
e agora contando com a concorrência dos cantores gospel, que também
perceberem esse lucrativo filão e já se candidatam em massa para cargos
públicos.
Quem preferir vedar os olhos, que não veja.
Louvo a Deus,
porém, por não pertencer ao balaio dos cegos.
4. Para
votar num crente, apenas se ele não se apresentar como crente, mas
apenas como um cidadão, e isto vai depender das boas ideias e da
capacidade dele (a) mostrar coerência como parte de sua decisão de
ingressar na carreira política.
Se for um pastor, que seja apenas para
si e quem o apoia, mas fazendo uso dessa condição como marketing
eleitoreiro, além de ter que responder a Deus á sua consciência, qual é
afinal de contas o seu verdadeiro chamado ministerial.
Portanto, não sou
contra cristãos na política, porém sou veementemente contrário à
utilização da igreja, do peso ministerial e do nome de Deus para essa
finalidade.
5. Se Jesus
entrasse em muitas igrejas atuais, Ele o faria com azorrague e de lá
expulsaria esses cambistas da corrupção.
E para isso, nem precisaria
esperar o teatro nojento do período eleitoral, pois as prévias são
diárias e anuais, com eventos e ações públicas claramente direcionadas
para um futuro benefício nos dias de pleito.
Por essas razões nunca votei em pastores candidatos e não encorajo nenhum irmão e irmã na fé a fazê-lo.
TROCANDO A GLÓRIA CELESTIAL PELA HONRA TERRENA
Um pastor
na condição de cidadão tem todo o direito de candidatar-se a um cargo
público.
Entretanto, creio que todo pastor que se candidata a um cargo
político está se rebaixando de sua nobre posição.
Um pastor é um homem
divinamente chamado pelo Senhor para envolver-se no trabalho do Reino de
Deus.
Foi chamado por Deus para ocupar-se das coisas espirituais do
alto.
Foi vocacionado por Deus para ganhar almas para Cristo, e
edificá-las e moldá-las à imagem de Jesus.
Em fim, foi divinamente
chamado para pastorear as ovelhas do rebanho de Jesus (Consulte: At
20:24; Rm 1:1; I Co 1:1; II Co 1:1; Gl 1:1, 15, 16; Ef 1:1; Cl 1:1; I Tm
1:1, 12; 2:7; II Tm 1:1, 11). Portanto, creio que não existe na terra
missão mais nobre e elevada do que esta.
Acredito
que quando um pastor deixa o ministério para se dedicar à carreira
política está se rebaixando, pois está trocando algo superior por algo
inferior; está trocando uma missão espiritual por uma terrena; está
trocando um ofício sagrado por um secular.
E não apenas isso: penso que
quem vota em pastor está prestando um desserviço ao Reino de Deus.
No caso de
um pastor optar por dividir o seu tempo no exercício do ministério com o
exercício de seu mandato político, não acredito que obterá êxito, pois
dificilmente conseguirá conciliar duas tarefas que exigem tempo e
dedicação total.
Certamente não exercerá com eficácia nenhuma das duas
tarefas.
Por experiência própria posso afirmar que um pastor que está
realmente envolvido com a obra de Deus não terá tempo para se envolver
em nenhuma outra atividade de grande importância, como é o caso de um
cargo político.
O pastor
não pode estar dividido em suas obrigações.
É a vontade de Deus que os
pastores se ocupem exclusivamente da ministração da Palavra e da oração.
Se assim deve ser, mesmo em relação aos diversos ministérios que a
igreja possui, quanto mais em se tratando de um cargo político que
tomará muito do seu precioso tempo (Veja At 6:1-4).
Talvez
algum leitor se pergunte: "Mas e como ficam os pastores que precisam
trabalhar secularmente porque suas igrejas não podem lhes pagar
salário?".
Bem, vejo
isto de duas formas.
Primeiramente, nestes casos é óbvio que o trabalho
pastoral desses ministros fica grandemente comprometido (quando são
pastores seniores ou titulares de suas igrejas), pois precisam dividir o
seu tempo.
Suas igrejas não se desenvolverão como poderiam se o seus
pastores pudessem se dedicar integralmente ao ministério pastoral.
Então
é preciso avaliar se a igreja pode pagar um salário justo e digno ao
pastor e não está fazendo isto por falta de visão, ou se o caso é
realmente de incapacidade financeira dos irmãos.
Em segundo
lugar, há também pastores que são profissionais formados em outras
áreas: engenheiros, médicos, advogados, etc., que continuam atuando em
sua formação profissional enquanto também pastoreiam o rebanho do
Senhor.
Os problemas aqui serão os mesmos mencionados acima.
No meu modo
de ver, estes pastores deveriam atuar como pastores-auxiliares, e não
como pastores seniores ou titulares.
Mas a
pergunta mencionada acima que alguém poderá fazer se refere à questão
salarial do pastor, quando o pastor se vê obrigado a trabalhar
secularmente para poder sobreviver quando a igreja não pode ou se recusa
a lhe pagar salário.
Todavia, a coisa muda de figura quando um pastor
entra na política visando receber um "salário" que a igreja não pode lhe
pagar.
Será que é lícita esta motivação para um pastor ingressar na
carreira política?
Certamente que não.
Certa feita um determinado candidato evangélico, que era envolvido com liderança de igreja, disse abertamente para mim que estava se candidatando a certo cargo político porque com isto iria poder pagar suas dívidas...
Um claro sinal da decadência moral
e ética tanto de pastores cristãos quanto dos políticos da nossa nação.
O QUE ESTARIA POR TRÁS DE TUDO ISSO?
Por que
tantos pastores atualmente se candidatam a cargos políticos?
Será que a
maioria deles está realmente fazendo isto por amor à nação?
Por amor aos
marginalizados e pobres do nosso sofrido país?
Ou estão se enveredando
nos tortuosos caminhos da política brasileira por amor ao poder que um
cargo político lhe proporciona?
Poder de todos os tipos.
Poder
econômico, político, de influência sobre as pessoas...
Poder que
corrompe e transforma príncipes de Deus em bestas do Apocalipse e que
causam todo tipo de destruição à sociedade e à imagem da igreja de
Cristo.
QUEM PERDE E QUEM GANHA COM ESSA SITUAÇÃO?
Pelo que já vimos aqui, são muitos os prejuízos causados pela decisão de um pastor ingressar na política partidária.
Perde a
igreja da qual é líder, pois não terá mais o devido tempo para
pastoreá-la, deixando-a à mercê de uma outra autoridade delegada, o que
constitui uma mudança nem sempre saudável, sobretudo quando o pastor em
questão não se desliga oficialmente do ministério, por querer manter a
mesma igreja como seu curral eleitoral apenas.
Perde a
pregação do Evangelho que (em se tratando de um pastor de verdade e não
um oportunista), deixa de contar com a ação eficaz de um dos seus
arautos, que não terá possibilidades de manter suas atividades
ministeriais.
Perde a
ética cristã, que a cada adesão de pastores ao meio político, fica
fragilizada diante de uma opinião pública, que já não respeita a fé
cristã, devido aos péssimos exemplos que se multiplicam em seu meio.
Perde o próprio pastor, que como já dissemos, abdica de um oficio sagrado em nome de um cargo terreno.
Os ganhos são apenas dois:
Ganha o bolso dos oportunistas, que se travestem de pastores sem que essencialmente jamais tenham sido.
E ganha o
inferno, que é fortalecido todas as vezes que alguém ostentando um
título de pastor é envolvido em escândalos de corrupção ou cooptado para
práticas criminosas de fisiologismo político.
ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES
Gostaria de finalizar com as palavras do apóstolo Paulo dirigidas ao jovem pastor Timóteo: "Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou" (II Tm 2:4).
Nestas
palavras, temos a clara ordem de Deus aos pastores para que se dediquem
exclusivamente ao ministério para o qual um dia eles mesmos já disseram
terem sido chamados.
Aos pastores fieis ao seu chamado e à sua vocação divina, meus cumprimentos e lhes estimulo a assim permanecerem, sabendo que "logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória" (I Pd 5:4).
Ao nosso Deus, em Nome de Seu Filho Jesus, seja a honra e a glória!
Pr. Reinaldo Ribeiro.
LEIAM O COMENTÁRIO DESTE BELO TEXTO DO SERVO DO SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO VALTER DESIDERIO BARRETO.
Um comentário:
Parabéns pelo belo texto Pr. Reinaldo Ribeiro! Essa sempre foi a minha opinião a respeito do sacerdócio ministerial.
Na Bíblia Sagrada não encontramos nenhum texto de Gênesis a Apocalipse que no ministério sacerdotal haja lugar para pastores dividirem seu tempo com qualquer atividade secular sob qualquer justificativa, mesmo aqueles que o irmão faz a ressalva "A maioria (não todos) dos pastores que se candidatam não passa de oportunistas que concluíram que a igreja é o melhor curral eleitoral que pode existir".
Ministério pastoral não é atividade para enricar quem foi chamado por Deus para cuidar de almas, como Jesus Cristo disse: "Pescadores de homens".
Quem deseja ficar rico tem que buscar outra atividade que lhe proporcione isso.
O ministério pastoral exige renuncia total e incondicional das coisas deste mundo. Temos grandes exemplos na Bíblia dos verdadeiros chamados por Deus para trabalhar na Sua santa seara. Vou citar aqui apenas Eliseu e os Apóstolos de Jesus Cristo que largaram as suas atividades para trás, e tão somente se dedicaram exclusivamente ao ministério pastoral, e posteriormente o Apóstolo Paulo.
Os verdadeiros chamados por Deus para se ingressarem na obra Dele, jamais agem da forma que esses mercenários e embusteiros dos dias de hoje fazem, usando o nome de Deus para enganarem as pessoas incautas, que não conhecem a Bíblia.
Esses indivíduos irão prestar contas a Deus no dia do julgamento final quando os mesmos se apresentarem diante Dele.
Concluo este meu comentário com a orientação explícita em Provérbios, sobre a principal função de um Pastor:
"Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos,
Porque o tesouro não dura para sempre; e durará a coroa de geração em geração?
Quando brotar a erva, e aparecerem os renovos, e se juntarem as ervas dos montes,
Então os cordeiros serão para te vestires, e os bodes para o preço do campo;
E a abastança do leite das cabras para o teu sustento, para sustento da tua casa e para sustento das tuas servas". PROVÉRBIOS 27: 23 a 27.
Pra que exemplo maior do que o do Apóstolo Paulo, que "fazia tendas" para se sustentar no ministério da pregação do Evangelho sem nunca reclamar "direito" de ser remunerado para exercer a sua atividade ministerial ?
Quando Deus chama alguém para a sua obra aqui na terra, Ele mesmo providencia os meios e recursos para mantê-lo, caso isso não aconteça, esse tal que se diz "chamado" para a obra de Deus, não passa de um intruso que está usurpando o lugar dos verdadeiros chamados por Deus para trabalhar na Sua grande Seara cujos ceifeiros são poucos.
Valter Desiderio Barreto - Igreja viva do Senhor e Salvador Jesus Cristo.
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