Banners


Create your own banner at mybannermaker.com!

sábado, julho 25, 2015

Janot terá vida fácil?

Não. Ele deverá ser indicado por Dilma para mais um mandato. Mas é certo também que o Senado dificultará sua recondução 
 
LEANDRO LOYOLA 
 24/07/2015
Quando está à vontade no trabalho com os mais próximos, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, gosta de usar ditados típicos de sua Minas Gerais natal. 

Janot usa expressões como “pau que dá em Chico, bate em Francisco” ou “pular o corguinho” (pular um córrego pequeno, que significa passar dos limites) com frequência. 

Na semana passada, no entanto, Janot foi muito além. 

Para recorrer a outro ditado, este com origem na Roma Antiga, atravessou um Rubicão (o rio que Júlio César cruzou em sua ofensiva para virar imperador romano). 

Ao anunciar a Operação Politeia, que entrou em residências dos senadores Fernando Collor, do PTB, e Ciro Nogueira, do PP, para recolher provas, na formalidade que a ocasião exigia, falou até em latim.

“Adsumus”, ou “aqui estamos”, disse ao anunciar o trabalho.

O procurador-geral Rodrigo Janot (Foto: Gustavo Moreno/CB/D.A Press)
Aos 59 anos, no topo da carreira, Janot vive o auge de seu prestígio pessoal, o maior desafio de sua carreira e, quiçá, o maior desafio da história do Ministério Público Federal.

Janot é o condutor dos inquéritos da Lava Jato que alcançam os políticos com foro privilegiado. Se o juiz Sergio Moro é o nome mais lembrado nas imprecações dos políticos implicados com corrupção, o de Janot vem logo depois. Como no caso de Moro, em Curitiba, pelo gabinete de Janot circulam informações capazes de decidir o futuro do país.

 Por isso, além da força-tarefa de procuradores no Paraná, apenas uma equipe mais restrita de procuradores recrutados por Janot tem acesso ao material da operação.

As ações da polícia terão consequências econômicas?

Daqui a dois meses será decidido se Janot terá direito a mais um mandato de dois anos. 


Nunca um candidato a procurador-geral foi tão forte entre os colegas quanto ele. 

Há poucas dúvidas de que Janot será o mais votado por seus cerca de 1.200 colegas.

 O prestígio angariado pela Lava Jato ajuda muito: ao pedir a abertura de inquérito contra parlamentares do calibre dos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, Janot deu ao Ministério Público um enorme ganho de imagem como instituição destemida no combate à corrupção.

Os procuradores se beneficiam disso – de um modo bem palpável. 

Janot conseguiu vantagens como o pagamento de um auxílio-moradia, que significa R$ 4.700 líquidos mensais na conta de quase todos os procuradores. 

Passou a pagar uma gratificação por “acumulação de ofício”, um extra para quem acumula temporariamente o trabalho de um colega.

Mais importante, em um momento de arrocho nos gastos do governo, Janot obteve um aumento salarial de 21% para a categoria.
 

Dos 16 titulares da CCJ do Senado, cinco se tornaram alvos de janot na operação lava jato.
Um sinal claro do prestígio e da força de Janot são seus concorrentes ao cargo.

 As subprocuradoras-gerais Deborah Duprat e Ela Wiecko, que pertencem à mesma turma de Janot e concorreram ao cargo nos últimos anos, desta vez não se candidataram, um sinal de unidade em torno do colega.

 Janot é egresso da Confraria do Tuiuiú, um lendário grupo de procuradores que, na década de 1990, se reunia às sextas-feiras em um bar em Brasília para conspirar contra o procurador-geral da ocasião, Geraldo Brindeiro, conhecido por engavetar investigações incômodas ao governo de Fernando Henrique Cardoso.

 Os tuiuiús eram Cláudio Fonteles, Antonio Fernando de Souza, Roberto Gurgel, Rodrigo Janot e Wagner Gonçalves, que queriam um Ministério Público mais atuante. 

Adotaram para o grupo o nome da ave desengonçada, que não consegue voar, porque não conseguiam chegar ao poder.

 As ações da polícia terão consequências políticas?

A despeito do folclore autodepreciativo, os tuiuiús começaram a ocupar cargos na corporação. 


Desde 2003, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu como procurador-geral Cláudio Fonteles, todos os procuradores foram tuiuiús – e causaram danos irremediáveis ao governo e ao PT. 

Seu sucessor, Antonio Fernando de Souza, conduziu a investigação do escândalo do mensalão e sustentou que o mensalão se tratava de compra de apoio no Congresso. 

Roberto Gurgel, seu sucessor, participou do julgamento no Supremo, que levou à cadeia, entre outros, o ex-ministro José Dirceu. 

Os tuiuiús hoje estão rompidos. 

Fonteles, Wagner e Janot formam uma turma, enquanto Antonio Fernando e Gurgel formam outra; e as duas se estranham. 

Desde que Antonio Fernando, aposentado, se tornou advogado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o rompimento com Janot se transformou em hostilidade.

 Lula vai depor na Justiça?

Se há poucas dúvidas de que Janot será o mais votado entre os colegas e de que a presidente Dilma Rousseff respeitará a tradição de indicar o primeiro da lista, há certezas que seu caminho será difícil. 


Janot terá de ser sabatinado e aprovado no Senado – em votação secreta.

 Janot terá de passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na qual cinco dos 16 titulares tornaram-se alvo dele na Lava Jato. 

Um sexto – Jorge Viana, do PT – é irmão de outro investigado – o governador do Acre, Tião Viana. 

Outros dois são investigados pela turma de Janot com autorização do Supremo. 

No plenário, 12 dos 81 senadores estão encrencados na Lava Jato. 

Vida de tuiuiú não é fácil. 

Entre eles, a de Janot deve ser a mais complicada de todas. 

Nenhum comentário:

Pastor Davi Passamani abriu novo local de culto em fevereiro após renunciar cargo em igreja depois de investigações de crimes sexuais Polícia Civil disse que prisão preventiva foi necessária porque pastor cometeu crimes usando cargo religioso.

Advogado alegou que prisão do pastor faz parte de ‘conspirações para destruir sua imagem’. Por Thauany Melo, g1 Goiás 07/04/2024 04h00.    P...