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quinta-feira, maio 28, 2015

Carajás: em meio à falsa polarização política, o saque das riquezas nacionais e a desvastação ambiental e da memória histórica continuam

Outra mina de ferro a céu aberto é esculpida na floresta tropical do Brasil

DOM PHILLIPS | THE WASHINGTON POST  
 BRAZIL-MINE
O projeto de mineração S11D no Brasil, deverá entrar em funcionamento no próximo ano.  


Serra Sul, Carajás, Brasil – A linha de caminhões e pick up jogam nuvens de poeira vermelha enquanto serpenteiam até a colina no final da estrada de terra. Do alto, a floresta tropical brasileira cobre a distância até onde os olhos podem alcançar.  

Um vasto quadrilátero está sendo esculpido nas encosta por um exército de máquinas,formando uma cicatriz de terra vermelha nas colinas verdes.

 O S11D, como este projeto é conhecido sem a menor cerimônia, é uma mina de minério de ferro a céu aberto que está sendo escavada neste canto da Amazônia brasileira, no estado do Pará.  

A gigante da mineração do Brasil, Vale, diz que a mina foi projetado para causar um mínimo impacto ambiental e  alcançar máxima rentabilidade. É para começar a operar no próximo ano, e em 2018 estará produzindo cerca de 100 milhões de toneladas anuais do mais puro minério de ferro do mundo – uma força vital para a pálida economia  do Brasil.

Mas os ambientalistas argumentam que S11D poderá destruir os raros ecossistemas de cerrado  encontrados em duas lagoas acima das jazidas de minério de ferro. 

Dezenas de cavernas que potencialmente contém elementos de habitações antigas da Amazônia foram perdidas. 

Este grandioso projeto de 17 bilhões dólares projeto é emblemático, um dilema brasileiro muito contemporâneo: é possível o país desenvolver e utilizar seus ricos recursos naturais sem causar danos irreparáveis ao seu meio ambiente e sua história?

“Eu discordo totalmente quando alguém diz que não é possível desenvolver, mantendo preservação e sustentabilidade”, disse Jamil Sebe, diretor de projetos ferrosos da Vale para o norte do Brasil, que está no comando da mina. 

Sebe disse trabalha há um quarto de seus 44 anos no projeto, que emprega técnicas inovadoras de mineração e de engenharia importadas do Canadá e da Austrália para reduzir os impactos e os custos.

“Este é o ano para colocar tudo junto”, disse ele.
O S11D está a apenas 30 km ao sul de maior mina de minério de ferro do mundo, também executado pela Vale na mesma Floresta Nacional de Carajás. As atividades da empresa aqui, que incluem cobre, manganês e ouro, podem afetar 3 %dos 1.591 km2 do parque nacional, tão rico em natureza como ela é em minerais.

 “A Vale quer garimpar tudo. Vai depender dos órgãos ambientais do governo brasileiro para proteger esta área ” disse Frederico Martins, analista ambiental No Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e gerente da Floresta Nacional de Carajás. “Há um monte de minério de ferro lá.”

 A controvérsia gira em torno duas lagoas situadas a leste de construção atual, mas em cima da jazida de minério de ferro. As agências governamentais negociaram uma zona de exclusão de 546 jardas em torno deles, como proteção – mas isto pode não ser suficiente.

Levou três horas para dirigir em estradas de terra traiçoeiras que cruzam a floresta para chegar a maior, a Lagoa da Guitarra. No caminho, um javali fugiu correndo pela pista, e a o 4 × 4 avançou em torno de uma imensa serpente, e o guia florestal José de Costa parou sob um ninho de gavião-real do tamanho de uma banheira, enquanto a cabeça da ave balançava sobre a sua borda.

A área da Lagoa  da Guitarra é um mundo a parte da densa floresta emaranhada  que existe em torno dele – um ecossistema distinto definido como sendo uma “savana metálica” de rochas escuras e matagal.  Gafanhotos verdes descansavam no sol, enquanto jacarés e tartarugas vagavam através do lago. 

Mais de 40 espécies de plantas – entre eles Ipomoea marabaensis, com uma flor lilás – são encontradas somente aqui nas savanas de Carajás, com o seu ambiente formado pelas próprias rochas, ricas em minério de ferro, que põem em perigo a sua sobrevivência.
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A sujeira vermelha cobre o chão perto da mina da Vale em Carajás. É a maior mina de minério de ferro no mundo, 13 de abril de 2015. Bonnie Jo Mount / The Washington Post


À distância, o zumbido das escavadeiras era audível. No ano passado, os estudantes universitários locais formaram um “SOS” em rochas na beira do lago para protestar contra os danos que dizem o Lago Guitarra sofrerá uma vez a mineração e as explosões diárias envolvidas comecem.
 
“Se ele sobrevive, ele vai perder todo o seu contexto”, disse da Costa, que participou. “Você não vai ter toda esta vida.”

A Vale está discutindo a redução da zona de exclusão com o órgão ambiental do governo brasileiro. Martins disse que qualquer redução seria “comprometer a existência do lago”.
O minério de ferro foi encontrado pela primeira vez em Carajás em 1967 por um geólogo manganês prospecção Brasileira para US Steel. 

Em 1985, a produção começou na Serra Norte, agora a maior mina de minério de ferro do mundo. A cidade de 180.000, Parauapebas, cresceu nas proximidades. A Vale e seus contratados empregam 46.000 pessoas no Pará.

O capitalismo de Estado e proteção ambiental andam de mãos dadas aqui. Em 1998, a reserva da Floresta Nacional de Carajás foi criada tanto para isolar a área da mina de posseiros como protegê-la do desmatamento que devastou tanto  este canto sul da Amazônia.
“Se não fosse para a mineração, isso poderia ter sido pior”, disse Martins. O acesso é controlado pela Vale e pelo Instituto Chico Mendes.

A mina de Serra Norte é um enorme complexo industrial de poços, correias transportadoras e unidades de processamento que estão afundados profundamente na floresta. Tudo é escuro, vermelho oxidado: o metal e a terra. Em uma manhã recente, o gerente de operações da mina Evandro Euzébio estava num mirante com vista para a mais antiga da mina. 

Centenas de metros abaixo dele, caminhões gigantes se arrastavam até as estradas de terra, cada um transportando até 400 das 120 milhões de toneladas de minério de Vale produz há cada ano.
“É o melhor minério de ferro do mundo”, disse Euzébio.

O minério é transportado cerca de 900 km por uma linha férrea até o porto de São Luís, no Maranhão. De lá, os navios de carga levam o produto para a China, que importa metade do que a Vale produz a cada ano. 

A linha ferroviária está sendo duplicada para lidar com a produção da S11D. Os preços do minério de ferro foram reduzidos pela metade para cerca de US $ 55 por tonelada ao longo do último ano, mas a Vale insistiu que o projeto ainda era viável.

“Ninguém rasga dinheiro”, disse o diretor Vale do Norte ferroso, Paulo Horta.
A construção da S11D, com a expansão do porto e  da linha de trem, emprega 30.000 trabalhadores. Quando a mina estiver funcionando, 2600 vão trabalhar lá, com 7.000 no setor de serviços relacionados. Umanova cidade, Canaã dos Carajás, cresceu nas proximidades.

Em vez de os caminhões usados  na Serra Norte, a cinco quilômetros, correias transportadoras vão levantar o minério para fora dos boxes para processar em empresas situadas fora da área da floresta. 

As plantas industriais são feitas de módulos, encaixadas como peças de Lego, uma técnica adotada a partir do exemplo da indústria petrolífera, que exige menos trabalhadores no local. 

Empresas de engenharia alemãs, canadenses e australianas projetaram a maior parte equipamento, mas a maioria foi fabricada na China.  O Brasil possui as matérias-primas, mas não fabrica as máquinas.
A linha do S11D sozinha possui  mais de cinco quilômetros de comprimento.

“É a maior emenda, a maior reserva de que a Vale tem. No futuro, será uma plataforma de crescimento para a empresa “, disse Sebe.
Mas também vai consumir uma parte do passado do Brasil. Arqueólogos dizem que cavernas da região contem pistas para habitações de populações amazônicas que eram desconhecidas até os anos 1980.

Evidências dessas cavernas sugere, que povos nômades viviam na Amazônia até 9.000 anos atrás, cultivando mandioca e açaí.
“Eles conseguiram cultivar a floresta sem derrubá-la”, disse Marcos Magalhães, um arqueólogo do Museu Emílio Goeldi na capital do estado do Pará, Belém, que estudou cavernas na área. “A Amazônia foi o Jardim do Éden.”

Em uma das cavernas acima do lago, cacos de cerâmica estavam espalhados no chão. A partir de fotos, Magalhães disse que estes provavelmente são datados de outra ocupação por grupos indígenas nômades cerca de 500 anos atrás, antes da colonização do Brasil pelos portugueses. A caverna será pesquisada este ano e não está marcada para ser destruição.

Mas de 187 cavernas existentes em Serra Sul, 40 vão sofrer “impacto irreversível”, disse Leanardo Neves, gerente de meio ambiente e sustentabilidade Vale.  Magalhães e sua equipe pesquisaram e removeram artefatos de cinco delas antes que fossem destruídas.

A Vale planeja compensar cada caverna destruída com a proteção de duas cavernas em uma área semelhante, na vizinha Serra da Bocaina. 

A equipe de Magalhães ainda não estudou nenhuma caverna naquela área, mas eles já encontraram vestígios de uma mina pré-histórica perto de Serra Sul, onde rochas foram escavadas para a determinação de grau de pigmentação. “A história da região”, disse ele. “sempre foi mineração.”


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