Pode acontecer com qualquer pessoa, no táxi, no metrô, nas ruas. Só em 2014, mais de 3 bilhões de ienes foram perdidos e 76% do valor foi devolvido.
Sabe aquele ditado que diz que achado não é roubado?
No Japão, não tem nada dessa história.
No ano passado, o equivalente a R$ 80 milhões foi perdido nas ruas de Tóquio, e entregue para que a polícia procurasse o dono do dinheiro.
Ultramoderna, elétrica, movimentada com seus 13 milhões de habitantes.
Mas que tal adicionar mais um título a Tóquio?
A de cidade mais honesta do mundo?
O Diego confirma.
Brasileiro, morando há 15 anos em Tóquio, um dia, ele esqueceu a carteira dentro do táxi.
Tinha cartões de crédito, carteiras de identidade e motorista e ainda o equivalente a quase R$ 600 em dinheiro.
Diego Ono, representante comercial: E voltou normal, estava tudinho aqui.
Fantástico: E não faltou nada?
Diego Ono: Não faltou nada.
Fantástico: Como é que você explica isso?
Diego Ono: É a honestidade japonesa, cultura japonesa.
Fantástico: E não faltou nada?
Diego Ono: Não faltou nada.
Fantástico: Como é que você explica isso?
Diego Ono: É a honestidade japonesa, cultura japonesa.
Pode acontecer com qualquer pessoa, no táxi, no metrô, nas ruas da cidade.
Só no ano passado, em Tóquio, mais de 3 bilhões de ienes foram perdidos.
Isso dá mais ou menos R$ 80 milhões, uma fortuna.
Dinheiro que foi encontrado por outras pessoas e na grande maioria dos casos, devolvido aos donos.
É assim que o japonês se comporta quando acha algo na rua: se for um objeto de pequeno valor, como uma luva, um guarda-chuva, ele deixa em algum lugar visível.
Assim, fica mais fácil para o dono encontrar.
Agora, quando tem dinheiro envolvido, aí muda de figura: o japonês nem ousa abrir a carteira ou a bolsa, na tentativa de achar um telefone de contato, um nome, não.
Ele procura a cabine de polícia mais próxima, que vai enviar o que foi encontrado para um prédio: a divisão de achados e perdidos da polícia de Tóquio.
Lá dentro, uma investigação é feita para localizar não apenas quem perdeu dinheiro, mas qualquer objeto, por mais comum que seja.
Um dos depósitos guarda 90 mil guarda-chuvas que foram perdidos na cidade de Tóquio nos últimos cinco meses.
E fica tudo organizado em carrinhos, com o local onde o objeto foi encontrado, no caso uma linha de trem da cidade no dia 5 de dezembro.
Com o dinheiro e as carteiras o cuidado é parecido.
Os policiais, com luvas e máscaras, abrem cada bolsa, cada carteira, buscando uma pista sobre o dono.
O dinheiro é contado e registrado.
E como é que a polícia, chega aos donos daquele valor?
A chefe do setor explica: “Se por acaso não há documentos, cruzamos as informações.
Onde aquela carteira foi achada, a data".
O trabalho de detetive quase sempre dá certo: 76% do dinheiro encontrado em 2014 foi devolvido.
Harumi Nakano explica de onde acredita vir tanta correção.
“Desde pequenos os japoneses são ensinados a entregar para a polícia qualquer objeto que encontrem na rua.
Afinal, pode fazer falta para quem perdeu”, diz a chefe de polícia Harumi Nakano.
Isso acontece até nos momentos mais difícieis.
Depois do terremoto e tsunami de 2011, durante a busca por sobreviventes, quase 6 mil cofres foram encontrados nos escombros de casas.
Entregues à polícia, foram facilmente devolvidos às famílias, pois além de dinheiro, quase sempre guardavam documentos, o que facilitou a procura.
Mas, no Japão, além de honestidade, não poderia faltar também tecnologia para lidar com essa questão.
Mas, no Japão, além de honestidade, não poderia faltar também tecnologia para lidar com essa questão.
E uma etiquetinha eletrônica pode ser a salvação de muita gente esquecida.
A invenção é de Daiki Masuki, de 27 anos.
Ele teve a ideia em causa própria: sempre perdia o computador, esquecia o tablet, “Cadê a minha carteira”?
Foi aí que resolveu criar a etiqueta. Ela emite sinais e funciona conectada a um telefone celular.
A etiqueta é presa ao objeto que não se quer perder, a carteira, por exemplo.
Quando o dono, com o telefone se afasta mais de 30 metros o celular emite um alerta.
Na tela, aparece um mapa, indicando onde a carteira está.
“Inicialmente a gente pensou nas pessoas preocupadas em perder a carteira, equipamentos eletrônicos.
Mas entre os interessados, percebemos que muita gente quer colocar em crianças ou nos animais de estimação”, conta Harumi Nakano.
Precaução de muitos para proteger o que há de mais valioso.
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