Eike tem
patrimônio líquido de US$ 1 bilhão negativo
Eike diz que colocou todo seu patrimônio como garantia para empresas - Michel Filho / O Globo/31-5-2010
Eike diz que colocou todo seu patrimônio como garantia para empresas - Michel Filho / O Globo/31-5-2010
Considerado o homem mais rico do Brasil apenas dois anos atrás, Eike
Batista diz ter hoje um patrimônio líquido de US$ 1 bilhão negativo.
O tombo
veio a reboque da derrocada da OGX, petroleira do grupo X, que pediu
recuperação judicial em outubro do ano passado.
Hoje, após ter virado réu em
ação penal da Justiça Federal, o empresário quebrou o silêncio de quase um ano,
garantindo trabalhar diariamente pela reestruturação de suas companhias.
— Coloquei todo o meu patrimônio nas empresas.
Ele garante empréstimos e
negócios do grupo.
O problema localizado em uma delas, a OGX, contaminou todo o
sistema.
O fato do petróleo não ter a produtividade esperada se tornou a raiz
de toda essa corrida bancária.
E, quando se perde a
credibilidade de uma empresa pública, você é massacrado — afirmou o empresário
em entrevista ao GLOBO.
Apesar da crise no grupo e da corrida pela manutenção e recuperação das
companhias e de seus ativos, Eike afirma que não haveria um caminho diferente
do que percorreu.
Se pudesse voltar atrás, afirma que fechar o capital da OGX (hoje
OGPar) poderia ter sido a escolha mais acertada.
— No todo, não poderia ter sido diferente. Eu acreditava no negócio.
Não
tinha como não ser otimista com os dados que eu tinha em mãos.
Ninguém no mundo
tem uma participação tão grande numa empresa de petróleo.
Talvez, uma das
minhas falhas tenha sido que, no tempo certo, eu deveria ter literalmente
fechado o capital da OGX, usado private equity.
O Porto do Açu subiu ao posto de principal joia do grupo, substituindo a
antiga posição da OGX.
A cada questionamento sobre a situação do grupo, o
empresário se agarra ao potencial do projeto, que está muito aquém do prometido
quando foi lançado.
Ainda assim é citado por Eike como a maior aposta para
atrair investidores e novos negócios.
Em cinco a dez anos, ele espera não só
conseguir pagar sua dívida, como ter 20% de participação no Açu e colocar seu
patrimônio novamente no azul.
Eike garante ter aprendido algumas lições com o tombo dos negócios:
— Acho que tocar cinco companhias juntas é muita coisa.
Também acho que
seria mais fácil não ter capital aberto, o que nos daria de sete a dez anos
para trabalhar, já que o grupo tem projetos de infraestrutura de longo prazo.
Apesar do tombo, Eike mantém um discurso calibrado de que não é
pessimista em relação ao futuro do grupo, que soma duas empresas em recuperação
judicial, a OGX e a OSX (ainda em vias de aprovação do processo), além de ter
vendido outras companhias e outros ativos.
A LLX, de logística, foi rebatizada
como Prumo, tendo passado às mãos da americana EIG; a MPX, de energia,
rebatizada como Eneva, tem a alemã E.ON. como sócia majoritária.
— O foco é reerguer o negócios.
Não dá para investir em novas frentes.
Estamos nos recuperando.
Ironicamente, o empresário que sempre afirmou acreditar no país, vê
agora a maior parte de seus negócios passarem para as mãos de investidores
estrangeiros.
Eike afirma segue trabalhando, sem jamais ter considerado a
possibilidade de deixar o grupo ou o Brasil.
Ontem, por determinação da
Justiça, ele teve R$ 117 milhões em ativos bloqueados.
— Fui educado como um jovem de classe média.
E a gente não perde isso —
afirmou.
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