Em sessão, Kanelão (PMDB) disse que 'negros já estão saindo com loiras'.
'Eu sempre tive assessor negro', disse vereador ao negar ter sido racista.
Um vídeo gravado durante a sessão da Câmara Municipal de Rio Grande, na Região Sul do Rio Grande do Sul, mostra o vereador Wilson Batista Duarte, o Kanelão (PMDB), dando declarações racistas.
Enquanto os parlamentares discutiam um projeto de lei, de autoria do Executivo, que prevê a reserva de 20% das
"Hoje os negros já estão quase todos brancos.
É uma mistura, é um negro querendo uma branca, um branco querendo uma negra.
Ou com certeza é diferente?
Ou tu não vê um negrinho com uma polaca?", disse.
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Entidades ligadas à comunidade negra anunciaram nesta quarta-feira (13) que pretendem protocolar na Câmara um pedido de cassação do vereador.
Kanelão, porém, negou ter sido racista.
"Eu sou a favor da cota social, direitos iguais para brancos e negros.
Eu sempre tive assessor negro. Estão me jogando contra a comunidade negra.
No meu gabinete, os negros estão indo ao meu favor, querendo dar testemunho de que eu não sou racista", afirmou o vereador.
Representantes da comunidade afirmaram que o homem disse ainda que negros "até já estariam indo a restaurante".
Kanelão se defende.
"O que colocaram é que eu teria dito que os negros até já estariam indo a restaurante.
Isso é uma injustiça grande, o que eu coloquei é que hoje não existe mais racismo, existe negro com branco e branco com negro.
Somos todos iguais perante Deus e perante a nossa constituição", disse Duarte.
Para o assessor do Comitê de Direitos Humanos da Procuradoria-Geral do Estado, Gleidson Dias, que foi até Rio Grande discutir as declarações com lideranças negras, o discurso foi preconceituoso.
"Não podemos admitir que o vereador utilize a Câmara de Vereadores para perpetuar, manifestar o seu racismo de forma tão ofensiva, tão nítida.
Nós dizemos que foi mais uma chibatada, uma chibatada do século 21", avaliou.
A opinião é a mesma da coordenadora da Igualdade Racial da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do governo do estado, Eliane de Souza.
"Assistimos à fita [com o vídeo da sessão] e nos chocou profundamente.
Viemos reforçar o pedido de cassação do vereador, para que isso não se repita", disse ela.
O pedido de cassação será oficializado ainda esta semana, de acordo com as entidades.
Caberá ao presidente da Câmara aceitar ou não a proposição. "O presidente tem o poder de decidir em um primeiro momento.
Depois, o caso vai a julgamento no Plenário", detalhou o assessor jurídico da casa, Júlio Rodrigues.
Kanelão está no seu sexto mandato como vereador.
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