Graciele gravou imagens para mostrar atitudes do menino, diz delegada.
Vídeo havia sido apagado do celular do pai, mas foi recuperado em perícia.
Grupo reza antes da primeira audiência do Caso Bernardo (Foto: Caetanno Freitas/G1)
No fim da manhã, o G1 teve acesso à transcrição deste arquivo, que foi recuperado pela perícia no telefone celular de Leandro Boldrini, pai do menino e preso por envolvimento na morte.
De acordo com a gravação, a madrasta disse que Bernardo iria "para baixo da terra", enquanto o pai o mandava "calar a boca".
"Vamos ver quem vai primeiro para baixo da terra", dizia Graciele nas imagens gravadas, segundo transcrição à qual o G1 teve acesso.
Bernardo Boldrini morreu em abril (Foto: Reprodução/RBS TV)
Também conforme a transcrição, a briga ocorreu em uma noite de sábado e chamou a atenção do vizinhos, que chamaram a polícia.
A Brigada Militar esteve no local e acalmou os ânimos.
Segundo a delegada Caroline Bamberg, as imagens foram gravadas pela madrasta com a intenção de dizer que Bernardo era agressivo com a família.
O arquivo havia sido apagado do celular de Leandro, mas foi recuperado por técnicos do Instituto-Geral de Perícias.
"Tem um vídeo em que o Bernardo fala que é agredido, uma briga entre os três, Leandro e Graciele.
Demonstra muito bem o comportamento deles com o menino.
O Bernardo pede socorro, grita.
Reforça bem a acusação contra o Leandro", declarou Caroline ao G1, antes de entrar na audiência.
"Também mostra ameaças da Graciele ao Bernardo, inclusive de morte", acrescentou.
Caroline Bamberg conversou com a imprensa antes da audiência (Foto: Caetanno Freitas/G1)
O menino estava desaparecido desde 4 de abril.
Além de Leandro e Graciele, a amiga da madrasta Edelvania Wirganovicz e o irmão dela, Evandro Wirganovicz, estão presos e respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A audiência conta com reforço policial, bloqueio de vias no entorno e restrição à imprensa, com objetivo de proteger e minimizar efeitos externos às testemunhas de defesa e acusação.
Ao todo, são 40 policiais militares são responsáveis pela segurança.
As ruas do entorno foram bloqueadas em uma área de aproximadamente duas quadras.
PMs reforçam a segurança do Fórum de Três Passos (Foto: Caetanno Freitas/G1)
Leandro e Graciele pediram dispensa.
Ao todo, seriam ouvidas 33 testemunhas, de defesa e acusação. São familiares, vizinhos, amigos e outras pessoas que possam colaborar com a Justiça.
Entre os nomes considerados mais importantes estão: as delegadas que trabalharam no caso, Caroline Bamberg Machado e Cristiane de Moura Baucks, a ex-babá de Bernardo, Elaine Rader – que relatou uma tentativa de asfixamento da madrasta ao garoto – a professora dele, Simone Müller, e um casal que possuía forte vínculo afetivo com o garoto, Carlos e Juçara Petry.
A ex-secretária de Leandro Boldrini, Andressa Wagner, e a avó de Bernardo, Jussara Uglione, também foram convocadas.
Na semana passada, o juiz Marcos Luís Agostini negou um pedido do advogado Jader Marques, que defende Leandro, para adiar a audiência.
Depois de encerrada a primeira etapa, novas audiências serão realizadas.
Foram 25 testemunhas arroladas pelo Ministério Público (MP) e 52 pelas respectivas defesas, totalizando 77 pessoas.
Após o depoimento das 33 em Três Passos, o restante será ouvido por carta precatória, conforme o local onde residem.
Haverá testemunhas em Frederico Westphalen, Campo Novo, Coronel Bicaco, Santo Augusto, Palmeira das Missões, Rodeio Bonito, Ijuí, Santo Ângelo, Porto Alegre e Florianópolis.
saiba mais
Cumpridas todas as precatórias, será designada uma nova audiência para
ouvir alguma testemunha de defesa que possa ter ficado para trás por
motivos como atestado médico, viagem, etc. Para terminar a fase das
audiências, os réus serão ouvidos. - Veja todas as notícias do Caso Bernardo
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Na sequência, haverá alegações pelas partes e a sentença do juiz para avaliar se é caso de pronúncia (se vai a júri ou não).
Entenda
Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família.
No dia 6 de abril, o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.
No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade.
A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen.
O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.
O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso.
No dia 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado.
Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem de um sedativo e depois enterrado em uma cova rasa, na área rural de Frederico Westphalen.
O inquérito apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele.
Ainda conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune, e contaram com a colaboração de Edelvania e Evandro
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