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segunda-feira, agosto 11, 2014

Eu não voto em pastores políticos

11/08/2014 01:42

“o destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre,

e a glória deles está na sua infâmia,

visto que só se preocupam com as coisas terrenas”

(Filipenses 3.19)



Recentemente foi divulgado na mídia que as eleições deste ano contarão com 270 candidatos que se declararam pastores, um crescimento de 40% em comparação com 2010, quando 193 pessoas disseram ocupar o cargo. 

Além disso, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) registrou a candidatura de 32 bispos (25% a menos do que em 2010) e 16 padres (30% a menos). 

O PSC lidera a indicação de sacerdotes: são 37 clérigos evangélicos um deles é o pastor Everaldo, que disputa a presidência da República pelo partido. 

Há poucos dias, recebi uma mensagem virtual com a seguinte indagação: “Pastor, o senhor se candidataria a algum cargo político? 

O senhor votaria num candidato que seja pastor? 

E por fim, o senhor levaria para a sua igreja algum candidato que tivesse o seu apoio? Para todas as perguntas, a resposta é a mesma: NUNCA!

Eu não voto em pastores que se candidatam a cargos públicos e tenho a impressão de que a maioria esclarecida de cristãos evangélicos ou católicos pensam igual a mim nesse particular. 

Minha premissa fundamental é simples: não conheço nenhum pastor ou padre que afirme não ter sido chamado por Deus para o sacerdócio. Sendo assim, a pergunta passa a ser óbvia: se Deus os chamou para o sacerdócio, então quem os chamou para a política?

O grave e flagrante processo de secularização e a consequente desvalorização das instituições religiosas tradicionais afetaram diretamente a função de pastor protestante, que sofreu uma perda de status na sociedade. 

Por sua vez, o campo religioso brasileiro, particularmente nos últimos 25 anos do século XX, assistiu a irrupção de novos movimentos religiosos, aumentando a concorrência no interior desse campo. 

Surgiram, por exemplo, movimentos e igrejas neopentecostais lideradas por um novo tipo de pastor, que age conforme outros scripts e que, dentre as suas várias competências, tem a de dominar os modernos meios de comunicação de massa e de interferir nos rumos políticos da sociedade. 

Todo esse cenário contribuiu para que uma sensação de crise, mal-estar e insegurança tomassem conta de boa parte do clero protestante, o qual, aturdido, agora se divide na fronteira entre o certo e o errado quando se discute o papel do pastor na militância político partidária.

Ninguém ingressa no ministério sem que tenha a sua vontade direcionada, trabalhada e persuadida para o mesmo. 

Este direcionamento da vontade é fruto da chamada de Deus, o que é um fator decisivo. 

Ninguém pode, como tentou Simão (Atos 8.18-19), comprar um dom espiritual. 

Deus chama e trabalha na vontade humana, direcionando-a ao ministério. 

Entretanto, Deus escolhe, chama e separa certos homens, de maneira especial, para o serviço distinto, definido e singular do ministério da Sua Palavra. 

O pregador da palavra é um porta-voz de Deus entre os homens. 

Cabe-lhe missão semelhante àquela realizada pelos profetas do Velho Testamento e pelos apóstolos do Novo Testamento, tendo o próprio Jesus como exemplo e padrão supremo.

A chamada envolve a aceitação de alguns atributos, de alguns postulados indispensáveis ao exercício do ministério pastoral: fidelidade consciente à Palavra de Deus, crença inabalável no valor da alma humana, convicção firme de que fora de Cristo não há salvação, reconhecimento de que existe um inimigo pessoal e dedicação completa da vida ao Espirito Santo e à Igreja. 

O ministério pastoral é uma obra de excelência e exige caráter cristão maduro, integral e estável e uma vida pessoal boa e ordenada. 

Não há pastores perfeitos, mas o pastor há de ser alguém que persegue a perfeição, já que a obra do Ministério da Palavra é uma obra excelente, que exige excelência. 

O pastor tem como seu modelo e exemplo Jesus Cristo, o que faz com que tenha a incumbência de apascentar o seu rebanho e treiná-lo no serviço da igreja. 

Já a igreja tem a missão de expandir o Reino de Deus. 

Os pastores vão e vem, mas a igreja, como corpo de Cristo, permanece. 

Quando o pastor é fervoroso, ativo e eficiente os membros da igreja são espiritualmente vigorosos e ativos. 

Daí a importância da pregação pastoral. 

É neste sentido que o apóstolo Paulo desenvolve a doutrina do ministério cristão no texto de II Coríntios 2.14 a 7.16. 

Sem a convicção inabalável da incumbência divina ninguém deve entrar no serviço ministerial.

Com a certeza da sua vocação e diante das imensas demandas exigidas pelo ministério, assim como da experiência do poder do Evangelho na sua vida, o amor ao povo e o desejo ardente de servir como embaixador de Cristo, o pastor terá prazer no estudo das Escrituras, no preparo dos sermões para a orientação de conforto espiritual do seu povo e no desenvolvimento da sua igreja no cumprimento da missão. 

Isso lhe exigirá dedicação, suor, lágrimas e tempo.  

Como, pois, lhe seria possível exercer um cargo político sem comprometer essas responsabilidades? 

Como dedicar-se a uma dessas funções sem negligenciar as outras, já que ambas são demasiadamente exaustivas e exigentes?

Mas isso não é tudo; é impossível um pastor ingressar num cargo político e ao mesmo tempo manter-se fiel a Salmos 1:1. 

Nenhum ambiente é mais pecaminoso, ímpio e escarnecedor do que os corredores espúrios da política. 

A conquista e o exercício de um mandato sempre exigirão negociatas, alianças nem sempre éticas e acordos corruptos. 

Essa é a engrenagem de funcionamento da política brasileira e a punica forma de assegurar sua estabilidade. 

Afrontar esse sistema ou negar-se a ele, é o mesmo que cometer suicídio político e eleitoral.


Quando vemos na mídia políticos cristãos defendendo bandeiras alinhadas com o sentimento religioso, como nas questões do movimento gay ou do aborto, pensamos ingenuamente que tais políticos adotam uma postura 100% cristã em seus atos parlamentares. Mas essa é apenas uma gota no oceano, pois muitos desses políticos estão envolvidos em atos de corrupção, como a venda de seus votos para a aprovação de leis que sejam de interesse do Poder Executivo ou de grandes empresas. 

Ainda que tais matérias não estejam na agenda de atenção das igrejas, é absolutamente inaceitável que pastores ou padres políticos se envolvam em atos criminosos dessa natureza. 

O problema é que, estando lá, é pouco provável que não se envolvam.


Isso significa que devemos abandonar a militância política e deixá-las apenas para os ímpios e assim permitir que leis anticristãs e destroçadoras dos valores éticos, morais e familiares sejam facilmente aprovadas nos parlamentos? 

Longe de mim defender tal absurdo.


A política pode e deve ser exercida por pessoas honradas e competentes, que tenham preparo e vocação para essa importante função. 

Elas podem ou não ser cristãs, podem ou não sair de dentro de nossas igrejas (e bom seria se fosse assim), mas isso não significa que te tenham que ser pastores. 

Lugar de pastor é na igreja, no campo, na seara e nos lares dos desvalidos. 

Política é lugar daqueles que para isso forem levantados por Deus.

É importante também ressaltar que não apenas a função política é incompatível e inconcebível para um pastor, mas a própria relação de interesses entre pastores e políticos também o é.

Tem sido muito comum (e jamais deveria ser) a presença de candidatos em templos cristãos, propagandeando seus interesses e comprando votos de cabresto evangélico, em troca de benesses materiais. 

Eis um pecado digno do mais elevado repúdio.

É estarrecedor como a visão de muitos líderes atuais esteja apenas no seu próprio ventre. 

Entendem os mesmos que tais comprometimentos poderá lhes garantir a sobrevivência no ministério pastoral, não sabem eles que esta aparente zona de conforto acaba por tornar-se uma cilada para seu ministério. 

Alianças interesseiras são valorizadas, em detrimento da oração, da Palavra de Deus, pois caminho  agora é o da  prosperidade material, mesmo que seja em troca de votos.


É hora de despertarmos. Não podemos abrir mão do nosso compromisso com o Senhor, com a mensagem da cruz (I Coríntios 1.18). 

Não fomos chamados para a popularidade, para o partidarismo político, mas para, acima de tudo, ter um compromisso com o Senhor, mesmo que paguemos um alto preço de intolerância e perseguição.

Que sejamos pastores comprometidos não com a política e muito menos com os políticos, mas com a verdade do evangelho e alimentados pela graça, sendo homens densos e intensos na labuta e na relação de intimidade com o Senhor. 

Vivamos a integridade do Espírito Santo e que haja contentamento em servir ao Senhor.

Este é um tempo de muita confusão no seio da igreja evangélica brasileira. Deus requer de nós, pastores, seriedade na missão dada por Ele.  

O que deve atrair o povo para os santuários é a mensagem cristocêntrica tão excelentemente exposta na Palavra e não presença ou promessas de políticos.

Não sucumbam aos apelos do tempo presente. Não sejam ativistas. 

Não sejam imediatistas. 

Sejam, pelo contrário, pastores marcados pelo compromisso naquilo que pregamos.


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