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sábado, julho 12, 2014

Sistema Alto Tietê pode secar no final do 2º semestre, dizem especialistas

Água foi remanejada para ajudar o Cantareira que está no volume morto.

Governo afirma que adesão dos consumidores a bônus é de 91%.

Pedro Carlos Leite Do G1 Mogi das Cruzes e Suzano
 
Represa da Ponte Novam, em Salesópolis, exibe pedras de seu leito (Foto: Edson Martins/Jornal O Diário)Represa de Ponte Nova, em Salesópolis, exibe pedras em seu leito (Foto: Edson Martins/O Diário)
 
O nível do Sistema Alto Tietê de represas começou o mês de julho com 25,7% de sua capacidade. 

O volume representa uma queda de 37,3%  em relação ao mesmo período de 2014. Na quinta-feira (10) o sistema continuava a tendência negativa e marcava 24,1%. 

“Pelo ritmo de 5% de consumo do volume útil a cada 30 dias, acredito que em cerca de seis meses o Alto Tietê também terá o volume quase zerado. 

O que mais me preocupa é o ano que vem.

 Em 2015, de onde vamos tirar a água?”, questiona Roberta Baptista Rodrigues, doutora em recursos hídricos pela USP e professora de Engenharia Ambiental.

Em dezembro de 2013, o Sistema Alto Tietê foi acionado para auxiliar o Sistema Cantareira, que está utilizando seu volume morto.

 Desde maio, o Alto Tietê vem perdendo por mês cerca de 5% de sua capacidade. 

Em 1º de maio, o sistema registrava 35,8% de volume. Um mês depois a situação era de 30,8%. 

Julho começou com 25,7%.

Para Roberta, diante da estiagem, medidas deveriam ter sido tomadas mais cedo.

“No segundo semestre de 2013, como o nível já estava baixo no Sistema Cantareira, eles deveriam ter entrado com uma politica de racionamento bem forte. 

Mas o que vem ocorrendo é um racionamento velado nas regiões periféricas.

 Deveria ter ocorrido a oficialização do racionamento no segundo semestre de 2013.

 Assim, haveria uma economia de água e favoreceria a educação das pessoas”, afirma.

“Hoje você vê os postos de gasolina lavando os carros com mangueira e deveria ter tido uma politica nesse sentido. Baixar uma proibição de lavagem de carros assim, por exemplo. 

Tudo para preservar o volume útil”, afirma.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) diz que “o Sistema AltoTietê opera dentro das expectativas da companhia” e que “não há restrições de consumo em qualquer um dos 365 municípios operados pela companhia no Estado de São Paulo”. 

Atualmente, o Alto Tietê produz cerca de 14,5 mil l/s de água e abastece aproximadamente 4,5 milhões de pessoas.

Represa do Paraitinga, localizada em Salesópolis, também surpreende por pontos em que está seca (Foto: Edson Martins/Jornal O Diário) 
 
Represa do Paraitinga, localizada em Salesópolis, também surpreende por pontos em que está seca (Foto: Edson Martins/O Diário)
 
A companhia também afirma que desde o final do ano passado tem tomado diversas medidas para garantir a segurança no abastecimento. 

As principais são a transferência de vazões dos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga para atender áreas que são abastecidas pelo Cantareira; criação de bônus para clientes abastecidos pelo Sistema Cantareira – que ao reduzirem o consumo em 20% ganham 30% de desconto na conta de água – e sua ampliação para 31 municípios da região metropolitana, além de 12 cidades da região bragantina e da região metropolitana de Campinas. 

 Segundo a Sabesp, houve adesão de 91% da população ao bônus.

Roberta Rodrigues conta que usar o volume morto do sistema Cantareira não é o ideal. 

“O primeiro lugar é a qualidade da água

 Temos um tratamento secundário, que não remove as partículas que estão dissolvidas e água do volume morto pode conter produtos tóxicos”. 

A Sabesp afirma atestar a qualidade da água do volume morto, “que segue todos os padrões do Ministério da Saúde”.

O engenheiro civil e sanitarista José Roberto Kachel do Santos concorda com a gravidade da situação do Alto Tietê.

 “À medida que a estiagem avança, o subsolo seca cada vez mais. 

A vazão que chega nos reservatórios é cada vez menor. Temos cerca de  120 dias para zerar o sistema”, afirma. 

Kachel trabalhou por 34 anos na Sabesp, dez deles diretamente com o Sistema Alto Tietê.

“O volume do Alto Tietê está caindo 0,2% ao dia, isso significa 1 milhão de metros cúbicos diários. 

Entre o final de outubro e o início de novembro ele vai estar acabando”, alerta.

Nem mesmo a chuva que caiu no Alto Tietê nesta semana anima Kachel. 

 Segundo medição da Sabesp, de terça-feira (8) até quinta-feira (11) as represas do Sistema Alto Tietê receberam um volume de chuva que, somado, chega a 7,6mm.

 "Mesmo que chova agora não vai fazer diferença. 

Vai no máximo manter a situação como está, mas não vai melhorar", explica o engenheiro.

Inquérito
 
O Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) – núcleo do Ministério Público voltado à proteção ambiental - instaurou inquérito civil para verificar se é regular a gestão do Sistema Alto Tietê. 


A portaria de instauração do inquérito é assinada pelo promotor Ricardo Manuel Castro.

Castro pediu informações sobre o funcionamento do Sistema para a Sabesp, Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e Agência Nacional de Águas (ANA).

O MP acredita ser necessária a investigação pela “falta de planos de contingência nos municípios da região metropolitana para o enfrentamento da crise de abastecimento de água” e “existência de indícios de ingerência não técnica nas tomadas de decisões para a gestão da crise de abastecimento de água”.


O inquérito foi instaurado em 26 de junho. 

O MP explica que os órgãos têm prazo de 15 dias para enviar as informações contando a partir da data em que receberam o pedido. 

 Esta é a primeira etapa do inquérito e caso os órgãos não enviem ou encaminhem informações insuficientes, o promotor pode reiterar o pedido. 

 O inquéiito tem 180 dias para ser concluído.

Mogi das Cruzes
 
O município é abastecido pelo Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae) que compra da Sabesp cerca de 35% de seu consumo. 


Os outros 65% são provenientes do próprio Semae.

 O volume adquirido da Sabesp é destinado ao Distrito de Brás Cubas.

Rio Tietê (Foto: Tatiane Santos/G1) 
Trecho do Rio Tietê em Mogi das Cruzes
(Foto: Tatiane Santos/G1)
 
A  captação de água pela autarquia é feita no Rio Tietê.

 Segundo o Semae o nível do rio tem se mantido dentro de sua média histórica. 

O Semae informou que ela varia entre 1m e 1,5m. São captados 900 litros por segundo do Tietê.

O Semae afirma possuir  um grupo técnico encarregado de acompanhar a situação do abastecimento de água em Mogi das Cruzes. 

Este grupo mantém contato diário com a Sabesp e, até o momento, não há informações que indiquem a redução no volume de água do Rio Tietê.

A administração municipal também diz ter resultados positivos com campanhas de conscientização do uso da água. 

“O objetivo é estimular o uso responsável da água e reduzir o volume total consumido pela população. 

Este trabalho já vem dando resultados positivos e a expectativa deste grupo técnico é que as chuvas retomem seu padrão normal nos próximos meses, o que contribuirá para melhorar a situação dos rios e represas”, informou o Semae.


Rio Tietê Mogi das Cruzes (Foto: Tatiane Santos/G1) 
Lixo acumulado no Rio Tietê no bairro da Ponte Grande em Mogi das Cruzes (Foto:Tatiane Santos/G1)
 

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