Após presidir sua última sessão, ministro afirma que membros do Supremo
não podem ter vínculos com 'grupos de pressão' e descarta carreira política
Andre Dusek/Estadão
"AE"
Brasília
- Em sua última sessão na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim
Barbosa afirmou nesta terça-feira, 1º, que a principal característica de seu
sucessor deve ser a de estadista e que não pode ter vínculos com "grupos
de pressão".
Ao
fazer uma breve avaliação sobre os 11 anos em que atuou na Corte, Barbosa disse
ter sido um período de "aperfeiçoamento da democracia".
"Acho
que tem de ter como característica principal ser um estadista, ou um estadista
em potencial, que irá se aprimorar aqui dentro", afirmou o ministro,
cercado por jornalistas à saída de sua última sessão no tribunal.
A
escolha do substituto de Barbosa caberá à presidente Dilma Rousseff.
A
presidência ficará com o ministro Ricardo Lewandowski, atual vice-presidente.
Em
mais uma estocada dirigida a seus pares, mas sem citar nomes, Barbosa frisou
que o STF "não é lugar para pessoas que chegam com vínculos a determinados
grupos de pressão".
Durante
o julgamento do mensalão, alvejou por diversas vezes Ricardo Lewandowski,
afirmando, dentre outras coisas, que o colega atuava comoadvogado de defesa dos réus.
Joaquim
Barbosa, que se afasta nesta terça definitivamente da Suprema Corte, ressaltou
ter trabalhado para que não houvesse "condescendência com desvios em
relação à Constituição".
"Foi um período de privilégio imenso, de
poder tomar decisões importantes para o País", disse, evitando comentários
sobre o que seria o seu legado na presidência, mas destacando que foi um
momento de cumprimento de dever.
Barbosa
anunciou a decisão de deixar o Supremo no final de maio.
]Aos
59 anos, ele ainda poderia permanecer na Corte até 2024, quando completará 70
anos, idade da aposentadoria compulsória.
Sua
presidência ficou marcada pelo julgamento do processo do mensalão e a condenação
de personagens importantes do governo Lula, como o ex-ministro José Dirceu.
Sobre
uma eventual carreira política, o ministro disse apenas considerar
a alternativa "pouco provável", mas não descartou declarar apoio
político a algum candidato.
A
decisão, segundo ele, será tomada "no momento certo, como qualquer
cidadão".
Novo
presidente.
A
chegada de Lewandowski à presidência foi comemorada pelo ministro Marco Aurélio
de Mello.
Em
pronunciamento na tribuna do STF, Mello instou Lewandowski a "resgatar
valores" do tribunal.
"Estamos
numa quadra em que precisamos resgatar valores da liturgia desta chefia",
afirmou.
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