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terça-feira, abril 29, 2014

As Sandálias da Humildade

Olinto Campos Vieira - Advogado.



































Há alguns poucos anos atrás, um juiz de Direito do Paraná , da 3ª Vara do Trabalho de Cascavel, cancelou uma audiência porque o reclamante, um trabalhador rural, estava calçando uma sandália de dedos. 

Para o juiz, o trabalhador estava atentando contra a “dignidade da Justiça”.

Vale transcrever o que o magistrado mandou escrever na ata da audiência: “O juiz deixa registrado que não irá realizar esta audiência, tendo em vista que o reclamante compareceu em Juízo trajando chinelo de dedos, calçado incompatível com a dignidade do Poder Judiciário”. 

É interessante esse nosso País! 

Tem muita gente vivendo em um mundo de ilusão, presos em salas frias com portas e janelas fechadas, isolados da vida real, sem saber como funciona o mundo lá fora, vivendo em um mundinho pequeno, feito de mediocridade e arrogância. 

Existem pessoas que não imaginam quais são os mínimos anseios de um homem simples do povo, seja ele urbano ou rural, mas tem o poder de decidir a respeito dos destinos daquela vida. 

O Brasil inteiro ( e o mundo) viu, tempos atrás, uma meia dúzia de “filhinhos de papai”, moradores de condomínios fechados no Rio de Janeiro, espancar brutalmente uma empregada doméstica que estava em um ponto de ônibus, indo para o trabalho. 

Ainda tiveram a audácia de dizer que só fizeram aquilo porque a confundiram com uma prostituta, como se isso fosse uma justificativa plausível.

Todos os cinco rapazes são filhos de pais abastados financeiramente e fazem curso superior. 

Como será que irão exercer a profissão depois de formados, se continuarem com a mentalidade imbecilizada que tem hoje? 

Somente a falta de experiência de vida, ou mesmo a falta de bom senso é que faz pessoas como o tal juiz imaginar que um homem calçando chinelos ofende a Justiça.

. O que ofende a Justiça é a soberba, a vaidade, a falta de limites, o desrespeito, a falta de coragem para decidir coisas grandes e pequenas. 

Uma das coisas mais perigosas que existe é colocar gente despreparada e inexperiente para decidir questões complexas a respeito da vida. 

Não estou com isso dizendo que inexperiência tem a ver com idade, nada a ver. 

Inexperiência tem a ver com o egoísmo de não querer perceber o mundo em que se vive.

Esse nosso Brasil precisa de pessoas que saibam entender a linguagem do povo, que saibam se fazer entender por todos, sem distinção. 

O paradoxo foi vivido por mim, há tempos atrás, em uma longa audiência aqui em Parauapebas, onde um Juiz deu uma aula de bom senso, paciência, humildade e vontade de resolver situações difíceis. 

Enquanto aquele juiz do Paraná ficou tristemente “famoso” no Brasil inteiro por ter aprontado uma besteira sem tamanho, os feitos nobres de outros juízes, simples e competentes, ficam sem holofotes, mas nem por isso são menos importantes.

Aliás, quando algum profissional comete um erro crasso como o que foi narrado acima, toda a classe sofre. 

É o mal da generalização maledicente e absurda que ronda o País. 

Sempre há bons e maus em qualquer profissão, em qualquer missão, em qualquer lugar.




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