“O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé
e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios.
Tais ensinamentos vêm de homens hipócritas e mentirosos...”
(I Timóteo 4:1-2)
1989 – ano
em que Jesus entrou em minha vida para (graças a Deus) dela nunca mais
sair.
Era uma época em que não se falava em unção do riso, não havia
paletós voadores, sal grosso e água ungida era exclusividade dos
terreiros de umbanda, cantores evangélicos se apresentavam nas igrejas e
não nas casas de espetáculo e na Rede Globo.
Naquele tempo tínhamos
grupos de crescimento nos lares e escola bíblica dominical e não as
perigosas e heréticas células do G12; pastores e não apóstolos, a igreja
era lugar de consagração e não um palco de danças coreografadas,
ninguém sequer cogitava a existência de pastoras, bispas, ninguém vendia
água do Rio Jordão e o dízimo era uma forma de adoração e não um balcão
de barganhas que nos permita exigir de Deus... Eu tinha 17 anos, e
ouvia pregações sobre a volta de Cristo, o cristão ter que renunciar a
si mesmo, não ser moldado e nem assemelhado ao mundo.
Tínhamos Jesus no
coração em vez de brincos na orelha e tatuagens pelo corpo.
Nossos
evangelistas pregavam em carrocerias de pequenos caminhões e não nas
campanhas de semente financeira das telas de tv, nossas congregações
eram simples e ungidas e não palácios de mármore e vidros temperados.
Confesso que era bem menor o número de pessoas ditas evangélicas no
Brasil, comparando-se aos dias atuais.
Mas também confesso que seu nível
de compromisso com o Pai era muito maior.
Hoje, é
notório o crescimento quantitativo no meio evangélico brasileiro: há
pessoas ditas evangélicas nas classes mais abastadas, no meio artístico,
nos círculos acadêmicos, o que era raro em décadas passadas.
Hoje temos
até personagens do meio pornográfico que se assumem evangélicos.
Só que ao
mesmo tempo em que houve esse crescimento quantitativo, a impressão que
tenho é que o evangelho no Brasil tornou-se uma porta “menos estreita”,
onde quase tudo é permitido, em que se diz que Deus é cardiologista,
pois só quer o coração.
O evangelho pregado em alguns púlpitos deixou de
ser cristocêntrico, para ser antropocêntrico, dando ênfase à satisfação
terrena do homem: exige-se de Deus, que é aclamado como o dono do ouro e
da prata, testemunha-se com orgulho a aquisição de carros novos, o
tornar-se empresário sem ter patrão, quitação de dívidas, compra de
imóveis milionários etc.
Isso tudo é pregado, baseado em versículos
isolados e os novos convertidos ou evangélicos desprovidos de
fundamentação bíblica, tornam-se presas fáceis desse tipo de evangelho
de barganha.
Creio que
Deus é onipotente, mas creio também que não devemos inverter os papéis,
onde Ele se torna servo do homem para satisfazer suas ambições
materiais.
Será que os fins justificam os meios?
Será que com o objetivo
do Brasil ter a maioria dos seus habitantes evangélicos, vale a pena
comercializar o genuíno evangelho?
Creio que não e lutarei até meu
último suor e meu derradeiro sangue contra tudo que se apresente dessa
forma.
Tantos
anos após aquele inesquecível dia tudo que avisto são modismos em nosso
meio, ventos de doutrina e fogo estranho, o que tem levado muitos à
confusão espiritual e até ao fanatismo mental - tudo em nome do novo
evangelho.
Será que
após quatro décadas de vida eu fiquei velho, ultrapassado e não me
adaptei aos tempos modernos de um novo evangelho e uma nova visão?
Creio
que não, pois a mensagem do evangelho é universal, atemporal e para a
expansão da pregação do reino de Cristo, com qualidade e não apenas com
visão quantitativa, não precisamos acrescentar novos fundamentos.
Quem
mudou?
Eu ou evangelho?
Nenhum dos dois.
Só a quantidade de joio que se
multiplicou sobremaneira, comprovando que estamos nos dias vaticinados
pelas referências bíblicas abaixo:
“Ninguém
de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha
a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da
perdição.”. (II Tessalonicenses 2:3)
“Porque
virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos
ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às
fábulas.” (II Timóteo 4:3-4)
“E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões.” (Mateus 21:13)
Pastor Reinaldo Ribeiro.
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