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quarta-feira, julho 10, 2013

Guerrilha do Araguaia - discurso do Cel Lício



GOSADO, É QUE NO RELATO DO EX COMBATENTE, ELE ME FALOU QUE O GENUINO(GERALDO) ERA UM SANGUINÁRIO, E ELE NÃO TINHA APARECIDO EM NENHUMA MATERIA QUE HAVIA PESQUISADO. AGORA ENCONTREI O BENDITO. VEJAM AI.

PARTE 1

Guerrilha do Araguaia - discurso do Cel Lício
Discurso do Coronel Lício Augusto Maciel na Câmara dos Deputados, em Sessão Solene ocorrida no dia 26 Jun 2005, sobre a guerrilha do Araguaia:

Sr. Presidente, Srs. Congressistas, demais autoridades presentes, minhas senhoras, meus senhores, não é preciso dizer da minha emoção por ter encontrado aqui velhos companheiros de luta, que ainda a estão levando à frente.

Como participante dos acontecimentos que passo a relatar, fiz um resumo dos itens mais perguntados; apenas como itens porque a dissertação será a rememoração dos fatos. 

Para isso, tirei os óculos, a fim de que aqueles que vou citar me olhem bem no fundo dos olhos e tenham suficiente coragem de afirmar, se for preciso, que tudo o que foi dito aqui é a pura verdade. 

Se bem que não há necessidade, porque eles mesmos já confirmaram em outras ocasiões.

O primeiro item selecionado se refere à razão da minha escolha para a missão de descobrir o local da guerrilha, que hoje se diz Guerrilha do Araguaia.

Em 1969, após a morte do terrorista Mariguella, em São Paulo, em seus documentos foram feitas várias citações sobre o local da grande área: grande área de treinamento de guerrilha.

Eu estava chegando a Brasília em 1968, já pela segunda vez. 

No meu passado, em 1954, fiz o curso de pára-quedista e, em seguida, o curso de Forças Especiais da Divisão de Pára-Quedistas, e especializei-me na modalidade Guerra na Selva.

Posteriormente, o curso de Operações Especiais foi desenvolvido com outras modalidades e, em seguida, foi criado o Centro de Instrução de Guerra na Selva, CIGS.

Detentor do curso de Forças Especiais e considerado, à época, o elemento com credenciais para desenvolver as operações de selva, percorri milhares de vezes a rodovia Belém-Brasília, de Brasília a Belém, estrada pioneira de barro. 

Eu e minha equipe, de 3 ou 4 homens, chegamos à conclusão, por indícios, de que a Guerrilha do Araguaia estava naquela área, entre o Bico do Papagaio, Xambioá, Marabá, Tocantinópolis e Porto Franco.

O fato, porém, que nos permitiu chegar à área foi a prisão, em Fortaleza, do guerrilheiro Pedro Albuquerque. 

Naturalmente, ele está olhando para mim, e eu estou olhando para a câmera, para que olhe no fundo dos meus olhos e confirme que o que eu estou dizendo é verdade. 

Pedro Albuquerque foi preso quando tentava tirar documentos em Fortaleza. 

Recolhido ao xadrez, ele tentou suicídio cortando os pulsos. 

A sentinela, por acaso, passou, viu, deu o alarme e ele foi levado para um hospital da guarnição.

Recuperado o documento de que ele falou, o documento resultante das declarações de Pedro Albuquerque foi enviado diretamente de Fortaleza para Brasília e chegou às mãos do General Bandeira, que imediatamente mandou buscar o preso. 

Enquanto eu preparava a equipe, o preso chegou, foi incluído na minha equipe, e partimos, junto com Pedro, para o local onde ele dizia que era o inicial: Xambioá.

Chegamos ao Rio Araguaia, pegamos uma canoa grande, com motor de popa, fomos até ao local de Pará da Lama. 

Pedro deve lembrar muito dele: era uma picada ao longo da floresta no sentido do Xingu. Andamos o dia inteiro. 

Chegamos ao anoitecer na casa do último morador, com o Pedro sendo levado por nós, livre. 

Não estava algemado, amarrado ou coisa assim. Ele foi acompanhando nossa equipe. 

Há várias testemunhas desse episódio aqui presentes, as quais não vou citar, que fizeram parte da minha equipe.

Chegamos à casa de Antônio Pereira, pernoitamos no campo, nos telheiros e, no dia seguinte, às 4h, prosseguimos em direção ao local onde Pedro Albuquerque indicou. 

Ao chegarmos lá, avistamos três homens, isto é, três elementos, sendo uma mulher, descansando para almoço, presumo. 

Aproximamo-nos do local só para conversar com eles, para saber o que eles estavam fazendo lá. Eram três e, no nosso grupo, havia seis; então, não tinha problema. 

Eles fugiram. 

Chegamos ao local. 

Fiquei inteiramente abismado com o estoque de comida, de material cirúrgico; havia até oficina de rádio; 60 mochilas de lona, costuradas no local em máquina industrial grande, que tive o prazer de jogar no meio do açude. 

Tocamos fogo em tudo e voltei sem fazer prisioneiro.

Ora, em qualquer situação, teríamos atirado naqueles homens. 

Estávamos a 80 metros, um tiro de fuzil os atingiria facilmente. 

Eles estavam sentados. 

Mas nosso objetivo não era matar, não era trucidar. 

Nosso objetivo era saber o que eles estavam fazendo lá. 

De acordo com Pedro Albuquerque, eram guerrilheiros. 

Estavam na área indicada por Pedro Albuquerque, que viu toda a operação.

Como disse, destruímos todos os seus aparelhos; metralhamos uma grande quantidade de frutas - melancia, jerimum e muitas outras coisas. 

Ficamos inteiramente impressionados com a quantidade de comida que havia lá, várias sacas de arroz; havia até oficina de rádio com equipamentos sofisticados. 

Era uma oficina rústica, não era como bancada de laboratório da cidade, mas funcionava. 

O gerador, lá atrás, também funcionava.

Voltamos. 

Deixamos o pessoal fugir, claro. 

E o Pedro Albuquerque retornou com dois companheiros nossos e foi recolhido ao xadrez de Xambioá. 

Continuamos nossa missão. 

Como os três elementos fugitivos avisaram para o resto do grupo do Destacamento C, mais ao sul, em frente a São Geraldo do Araguaia, que estávamos indo para lá, ao chegar lá nós os vimos fugindo com muita carga, até violão levavam. 

Eles estavam se retirando do Destacamento C, do Antônio da Dina e do Pedro Albuquerque.

Pedro Albuquerque nos levou até o Destacamento C, onde havia estado. 

Ele fugiu porque os bandidos exigiram que ele fizesse um aborto em sua mulher, que estava grávida. 

Eles não se conformaram com a ordem, principalmente porque outra guerrilheira grávida tinha sido mandada para São Paulo para ter o filho nas mordomias daquela cidade. 

Ela era casada com o filho do chefe militar da guerrilha, Maurício Grabois.

Pedro, você está me escutando? 

Você deve-se lembrar de que declarou isso: que você fugiu porque obrigaram sua mulher a fazer um aborto.


Josédival Neri da Câmara

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