Barry Hall e a esposa cuidam, por exemplo, de crianças rejeitadas nas tribos.
Entidade 'Coração do Pai' quer ampliar a estrutura em breve.
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Após
experiência na região do Vale do Javari, missionário
Barry Hall se
comoveu com situação indígena
e iniciou trabalho para implantação de
abrigo
(Foto: Camila Henriques/G1 AM)
Junto ao Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (Complei), Hall instalou o único abrigo destinado a crianças indígenas do país. Atualmente funcionando em sua própria residência – o que o designa como uma 'casa-lar' -, o “Coração do Pai” atende 13 crianças de diversas etnias e, segundo seu administrador, pretende ampliar sua estrutura em breve.
Existem várias categorias de crianças em algumas etnias – não todas – que são consideradas ‘amaldiçoadas’. Nesses casos, a única maneira de se livrar da ‘maldição’ é sacrificar a criança e até enterrá-la viva”, contou. “O Complei quer oferecer uma alternativa e uma solução que respeite a liderança de cada etnia. Ao nos entregar a criança, o cacique fica satisfeito, porque ela saiu da aldeia, os pais ficam aliviados e o bebê ganha vida e um lar”, acrescentou.
Mudança de local para atender mais crianças está
nos planos da administração do abrigo.
(Foto: Camila Henriques/G1 AM)
Não-indígenas também são bem vindos
Apesar de ter como prioridade o amparo a indígenas recém-nascidos, o abrigo também atende não-indígenas e crianças de mais idade, como um menino de sete anos, que é o mais velho da casa.
A decisão, porém, não é resultado de preconceito, frisou Barry. “Muita gente acredita que ter um local para crianças indígenas é discriminação, mas, na verdade, só estamos nos especializando para fazer um trabalho melhor. Aceitamos não-indígenas quando podemos instalá-los e, quando tivermos um espaço maior, queremos aumentar também o número de vagas”, afirmou.
Recém-nascidos são maioria e prioridade no
abrigo, de acordo com administrador. (Foto: Camila
Henriques/G1 AM)
abrigo, de acordo com administrador. (Foto: Camila
Henriques/G1 AM)
Hall e sua esposa, Vânia, são os únicos não-indígenas a administrar o abrigo. Depois de trabalhar durante anos com tribos no Vale do Javari, os dois tiveram que voltar para Manaus para que os seus cinco filhos pudessem estudar. “Queríamos levar uma professora para a aldeia, mas não conseguimos. Foi difícil abrir mão e sair de lá, mas agora temos o abrigo, que é nossa maneira de ajudá-los.
Não tem ninguém para fazer esse serviço com a ONG e salvar a vida dessas crianças”, ressaltou.
O vínculo com as crianças é inevitável, segundo o missionário. Algumas, inclusive, o chamam de “pai”. “Quando um é adotado, choramos bastante! É uma família”, definiu Hall.
Além do casal Barry e Vânia, o abrigo conta com o apoio de pediatras, assistentes sociais, psicólogos e nutricionistas. O acompanhamento médico é feito mais de uma vez na semana, já que algumas crianças têm problemas crônicos de saúde.
“Tivemos uma que nasceu com seis meses de gestação e foi abandonada três dias antes de vir para cá. Por ser bem frágil, ela precisou de atenção especial da pediatra, que vem aqui duas ou até três vezes na semana. Esse prematuro já está com quase o triplo do peso com o qual chegou”, lembrou.
Seis
pessoas trabalham diariamente no abrigo, que ainda
tem o apoio de
pediatras e nutricionistas.
(Foto: Camila Henriques/G1 AM)
Mantido por doações, o local recebe itens básicos do dia a dia das crianças como fraldas, leite, lenço umedecido, berços e cercadinhos. “Também precisamos de alimentos e, mais do que tudo, ajuda financeira para pagar aluguel, água, luz e os nossos seis funcionários”, completou.
O abrigo "Coração do Pai" fica localizado na rua D-14, casa 113, bairro Japiim, Zona Sul de Manaus.
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