Mensagem escrita em folha rosa teve como assinatura: 'vítimas da New Hit'.
Militante conta que elas dizem que 'quase desistiram' de seguir o processo.
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Leitura carta das vítimas do caso New Hit, na Bahia
(Foto: Divulgação/Marcha Mundial das Mulheres)
A mensagem, em duas folhas rosas e com tinta azul, foi entregue por uma representante do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) na manhã desta quarta-feira (20), de acordo com Maíra Guedes, 26 anos, que é professora de teatro e militante da Marcha. "A gente ficou muito feliz, emocionados, foi muito forte. A mulher sozinha não consegue romper o ciclo de violência. A gente quer dar muita força para elas aguentarem o processo até o final. E elas falam isso, que a mobilização tem fortalecido elas".
Leitura carta das adolescentes que denunciaram
(Foto: Divulgação/Marcha Mundial das Mulheres)
(Foto: Divulgação/Marcha Mundial das Mulheres)
A militante informa que cerca de 30 mulheres estão na cidade desde domingo (17) para acompanhar as audiências de instrução que foram iniciadas na segunda-feira (18). De acordo com Maíra Guedes, representantes de outras entidades, como do Movimento Sem-Terra, também se juntaram em prol do caso.
O último dia de audiência, previsto para esta quarta-feira (20), foi adiado a pedido da defesa dos réus, que seriam interrogados na ocasião. A solicitação foi deferida pela juíza Márcia Simões.
A razão de adiar o interrogatório se deve ao fato de que todas as testemunhas precisam ser ouvidas antes dos suspeitos, segundo o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), sendo que 37 ainda não prestaram depoimentos, o que deve acontecer por meio de carta precatória, porque moram em outras cidades.
O interrogatório dos nove músicos e do policial militar que fazia a segurança do grupo de pagode está previsto para os dias 3, 4 e 5 de setembro. No final da manhã desta quarta-feira, foi coletado o DNA dos réus para que seja confirmado, ou não, se as secreções encontradas nas roupas das vítimas são dos acusados.
Audiências
Uma das adolescentes que denunciou o caso prestou depoimento por mais de quatro horas na terça-feira (19). A outra jovem já havia prestado depoimento na segunda (18). O conteúdo dos depoimentos não é revelado pela Justiça.
Os integrantes da banda chegaram ao fórum de Ruy Barbosa sob protestos de mulheres. A polícia reforçou a segurança para impedir que as manifestantes se aproximassem dos suspeitos. No primeiro dia, eles também foram recebidos por gritos e vaias.
Mulheres fizeram protesto em Ruy Barbosa, na Bahia (Foto: Maíra Guedes/ Marcha Mundial das Mulheres)
Nove integrantes da banda New Hit ficaram presos 38 dias sob a suspeita de envolvimento no estupro das duas vítimas. Eles foram soltos no dia 3 de outubro mediante um pedido de habeas corpus. Um policial militar que fazia a segurança do grupo também é suspeito de ter sido conivente com o crime. Todos eles, inclusive o PM, foram indiciados por estupro e formação de quadrilha no dia 25 de setembro.
O caso ocorreu após a participação do grupo em uma micareta da cidade de Ruy Barbosa. O grupo New Hit tocou em um trio elétrico e depois recebeu as vítimas foram no ônibus da banda, para tirar fotos. Segundo relato das garotas, elas foram até o trio da banda para pedir autógrafos e tirar fotos com os artistas. Um produtor do grupo teria orientado as garotas a ir para o ônibus da banda.
"Como foi um lance de trio, foi uma ocasião especial porque não tinha onde tirar foto, já tinha outra banda para subir para levar o percurso do trio e foi uma ocasião especial", disse Eduardo Martins, vocalista da New Hit na época do ocorrido.
Perguntado sobre a versão deles sobre as acusações, Martins disse: "Não podemos falar sobre os fatos por segurança dos nossos advogados e não podemos entrar em detalhe sobre os fatos, mas a Justiça vai fazer justiça, e com fé em Deus todas as provas vão aparecer e as coisas vão ser bem encaminhadas", explicou o músico.
Denúncia
A juíza da Vara Crime de Ruy Barbosa, Márcia Simões da Costa, recebeu no dia 4 de outubro a denúncia de estupro qualificado pelo Ministério Público da Bahia(MP-BA), de autoria da promotora Marisa Marinho.
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Em nota, o MP-BA informou que a promotora relatou no documento que
durante a ação uma das vítimas foi "puxada pelos cabelos, agredida
fisicamente e xingada" por seis dos suspeitos. Na denúncia, a promotora
classifica como "vis e animalescos" os atos cometidos contra a outra
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Secretária lamenta
Em documento divulgado no dia 3 de outubro, a secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Lúcia Barbosa, lamentou a soltura dos suspeitos. No documento, ela diz que “o caso merece atenção especial, uma vez que o ato possui características de crime hediondo, com participação de mais de um autor, contra vítimas que não puderam e nem conseguiriam esboçar qualquer reação de defesa”.
Ainda no documento, ela falou da importância dos responsáveis serem julgados para que o caso não fique impune. “Acreditamos que a Justiça dará os encaminhamentos necessários para a responsabilização dos acusados. O importante é não deixar este episódio impune. É preciso que o caso sirva de exemplo para a sociedade, evitando a possível sensação de impunidade. Esta é uma oportunidade de reafirmar que as mulheres baianas têm direito a uma vida sem violência”, pontuou.
Investigações
De acordo com o delegado Marcelo Cavalcanti, o laudo fornecido pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), de Feira de Santana apontou que foi encontrada uma quantidade de sêmen nas roupas das meninas e de um dos músicos. Segundo a polícia, o resultado foi considerado prova material e influenciou no indiciamento dos suspeitos.
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