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sábado, março 16, 2013

Estão brincando de banco imobiliário com nosso dinheiro


sex, 15/03/13
por Yvonne Maggie

Usando o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) o prefeito do Rio de Janeiro comprou vinte mil unidades do jogo “Banco Imobiliário – edição Cidade Olímpica”, que exibe o logotipo da prefeitura e projetos da gestão do prefeito Eduardo Paes como a Transcarioca, o Museu do Amanhã, o Parque Olímpico e a RioFilme. 

Comprado por R$ 1.050.748,00, foi encomendado à fábrica de brinquedos Estrela e distribuído nas escolas municipais do Rio de Janeiro.

Alguns professores se manifestaram contra o uso do jogo nas escolas: “É uma mercantilização da educação, enquanto falta investimento em outras áreas, como na compra de material e climatização das salas de aulas”, criticou Geisa Linhares, uma das organizadoras do protesto.
Sempre achei que era preciso melhorar muito o ambiente escolar para atrair crianças e jovens.

Imagino “rios de leite e montanhas de cuscuz”, numa metáfora da utopia de Antonio Conselheiro, líder da revolta de Canudos no início do século XX, transformando escolas para o bem desses jovens e crianças. Sonho com uma escola humanizada em que os professores ganhem bem e se interessem por cada criança. Imagino que um dia será possível proporcionar a meninos e meninas condições de brincar com jogos eletrônicos e, quem sabe, usá-los para ensinar a ler e a escrever. E imagino um brinquedo digital fabuloso na sala de aula unindo crianças e professores.

Jamais imaginei, porém, uma perversão dessas. Um brinquedo para fazer propaganda do Governo. Essa é demais!!! E com o dinheiro do povo. Uma danação!
Enquanto isso, um menino louro, quarto filho entre os sete de uma jovem mãe solteira, foi brutalmente assassinado há doze dias no Jardim Botânico, um dos bairros de maior IDH da cidade do Rio de Janeiro, num dia de semana como outro qualquer.

O menino de cabelo louro, e cortado à moicano, no estilo Neymar, de pouco mais de 12 anos costumava fazer “gazeta” – um termo que talvez esteja em desuso. Quer dizer, fugia da escola, ou nem chegava a entrar nela, para brincar ou ganhar uns trocados no cruzamento ou, quem sabe, fazer um pequeno ganho.  

Quem é responsável pela sua morte? O menino de 12 anos estava no quinto ano e não sabia ler nem escrever, mal sabia assinar seu nome, como disse hoje a matéria do jornal O Globo. Nesta idade deveria estar no sétimo ano. O menino “não gostava de estudar” como disse sua mãe, trespassada pela dor. Fugia para ir à lan house se divertir com jogos de luta e nas redes sociais, no facebook. Talvez não fosse tão analfabeto, conforme a matéria jornalística, pois  sabia ler as instruções dos jogos e escrevia algumas mensagens no facebook.

Mas, de qualquer maneira, a  escola não se preocupou com ele? Ninguém perguntou por que o menino faltava às aulas? Com certeza já tinha sido marcado com uma frase bastante comum entre os professores: ele não gosta de estudar. Até aí, nada de mais. Muitos também não gostam, pois a escola não é propriamente uma Disneylândia. 

É uma instituição de socialização de crianças e jovens. Ninguém nasce sabendo e por isso a escola socializa, reprime, “educa?”. Ela tem hoje como missão ensinar para a vida em um mundo em que as crianças são nativos digitais e os professores imigrantes que falam com sotaque a língua na qual seus alunos se movimentam com facilidade.

Francamente prefeito Eduardo Paes! Os lourinhos, escuros, morenos e tantas outras crianças merecem uma revolução na educação. Merecem ser recebidos com carinho nas escolas e merecem professores mais bem pagos e melhor instruídos para que respeitem aqueles que “não gostam de estudar”. 

Merecem que o prefeito se dedique  ao projeto de contratar pessoas especialmente designadas para buscar os gazeteiros e convencê-los a voltar para escola. Quantas vidas são perdidas por falta de um mínimo de atenção. O Estado não pode ser tão leviano e os professores têm de saber que, mesmo ganhando pouco, são responsáveis por cada um daqueles meninos que falam uma língua na qual, eles, seus mestres, têm sotaque.

O banco imobiliário é um jogo familiar para muitos jurássicos como eu e o prefeito, mas há jogos muito mais educativos, mesmo contendo lutas, nas milhares de lan houses  que competem com a escola. Aliás, o banco imobiliário está disponível na internet, sem a propaganda do Governo.

Convenhamos prefeito! Que ideia triste foi essa? Que falta de um mínimo de conhecimento da vida dessas crianças de hoje! Que desrespeito à comunidade escolar – estudantes, professores e pais – e aos cidadãos que pagam impostos usados para financiar esse tipo de abuso!

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