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quinta-feira, março 14, 2013

COMO FAZER CORDEL: A INICIAÇÃO NO CORDEL



 
José de Sousa Dantas






























Um cordel de Benedito Generoso, como prefácio a uma pequena lição de métrica útil para todos aqueles que gostam de poesias.




A INICIAÇÃO NO CORDEL

Por Benedito generoso da costa

Para ser um cordelista
É preciso obedecer
Regras que se recomendam
Na arte de escrever...
Um cordel metrificado
Até pode ser cantado
E é fácil de se ler.

Para quem quer aprender
Como se faz um cordel
Recomendo ler abaixo
As normas que o menestrel
Publicou para o aprendiz
Que almeja ser feliz,
Fazendo belo papel.

É uma torre de babel
O cordel de pé quebrado,
Sem ritmo e harmonia
Deixa o leitor enjoado;
Então com muito respeito
Vão as dicas em proveito
Do aprendiz interessado.

Espero ter ajudado
Neste gesto amistoso...
Como ensina José Dantas,
Cordelista caprichoso,
Faça o cordel cantando
Com belos versos rimando,
Que ficará harmonioso.

Benedito Generoso
Dá sua contribuição
Aos novatos nessa arte,
Que necessitam da mão
De alguém mais experiente,
Portanto sigam em frente,
Nunca encubra a visão.

Aproveitem a ocasião
E respeitem a poesia,
Rubenio Marcelo disse:
“Já vi tanta porcaria
Que chega até ser risível,
Não há coisa mais horrível
Que cordel sem harmonia”.

Aqui não faço porfia,
Tampouco provocação
Porque tão somente quero
Aos novatos dar a mão;
O cordel é arte nobre,
Não o deixemos tão pobre
Por falta de instrução.

É tão simples a lição
Que o bom mestre ensina,
Cordel tem o seu padrão
Como a regra determina;
Não é preciso ser douto,
Só não pode escrever solto,
Conforme a mão inclina.

O tesouro está na mina,
Só o acha quem procura,
Assim é com nossos dons
Também na literatura,
Aquele que o encontrar
Tem o dever de esmerar
E fazer boa figura.

O que tem valor perdura,
Nunca cai no esquecimento,
Cordel não é reportagem
Que vale só no momento;
Também presta para isto,
Mas o que aqui insisto
É num grandioso portento.

Na terra varre o vento
E leva o que não tem peso,
Sem derrubar um rochedo
Que fica firme e ileso,
Pois tudo que tem valor
É tal como uma flor:
Deixa o perfume reteso.

No mundo estamos prezo
Às regras do bom viver,
E o escritor mais ainda
Na arte de escrever,
Pois tesouro tem valor
Pra quem derrama suor
E o faz por merecer.

Não pretendo estender
Esta minha explanação
Porque perfeito não sou
E tenho limitação;
Vou então me despedir,
Mas o que vem a seguir,
Leiam com toda atenção.

As informações a seguir foram transcritas da página de Elpídio de Toledo,
que as publicou em 04/05/2003 com o título de Respostas (apud Piolho Chato), uma vez que foram extraídas da página de ANTÔNIO CALDAS DE BRITO, (PIOLHO-CHATO, PRIMEIRO E ÚNICO),hoje ausente da Usina. A introdução aos informes de Piolho, entretanto, é um cordel de Elpídio de Toledo, feito em quadras. Por achar de grande utilidade para os aprendizes, tomei a liberdade de transcrever aqui o que esses dois mestres na arte nos deixaram como legado.
Embora cada autor tenha seu estilo próprio, o que é normal na arte de escrever, há sempre algo válido universalmente falando. Alguém já disse: "A arte não tem dono nem patrono, pertence ao Universo que é de todos e ao mesmo tempo não é de ninguém". Bom proveito aos iniciantes de boa vontade.

BENEDITO GENEROSO DA COSTA
benegcosta@yahoo.com.br

A Cesar o que é dele!
Embora impere verso,
faça o que quer com ele,
o cordel, o mais diverso.


No início eu fazia
somente rimas perfeitas .
Das regras eu não sabia,
mesmo assim tinha colheitas.


Até que um dia veio
um piolho pra cabeça,
piolho que dá esteio
pra que cuca se aqueça.


O único e primeiro,
que parece carrapato,
foi meu melhor conselheiro.
É o tal, Piolho-Chato.


Faça com ele consulta
pra melhor cordel fazer,
ele a ninguém insulta
quando se quer aprender.


Vá em Busca pra saber
como com ele falar.
Digite chato pra ver
se ele vai ajudar.


O cabra tem seu esp rito
voltado pra ensinar:
Antônio Caldas de Brito,
bom pra gente começar.


Dele resgatei um texto
que, abaixo, você vê.
Ele mostra o contexto
pra gente sempre reler.


TEXTO DO ANTÔNIO CALDAS DE BRITO, (PIOLHO-CHATO, PRIMEIRO E ÚNICO, QUE ERA O PRÓPRIO Mestre Egídio)

Um pouco sobre a métrica

Métrica é a arte que ensina os elementos necessários à feitura de
versos medidos. A métrica é obtida pela contagem das sílabas e o
ritmo pelas cesuras. Você sabe metrificar e ritmar? Uma regra
A última sílaba que se conta é a tônica da última palavra. Ex.- 7 Sílabas:

Eu vi mi-nha mãe re-zan-do
Aos pés da Vir-gem Ma-ri-a
E-ra u-ma San-ta es-cu-tan-do
O que ou-tra San-ta di-zi-a                 Outra regra

Quando uma palavra termina por vogal átona e a seguinte começa
por vogal ou ditongo, conta-se uma sílaba só. Diz-se que há
embebimento de uma sílaba na outra. Ex.:
Ou vin do a fa la ao ven to. São 7 sílabas.           Mais uma regra
Para atender à métrica, hiatos podem transformar-se em ditongos
Sinérese) e ditongos transformar-se em hiatos (Diérese) Ex
Su-a-ve por Sua-ve (3 viram 2)
Sau-da-de por Sa-u-da-de (3 viram 4)                        Cesuras
Não esqueça que o que dá ritmo à poesia são as cesuras. São as
sílabas tônicas que devem existir obrigatoriamente no interior dos
versos, quando tenham mais de sete sílabas.
Nos decassílabos Sáficos - 4ª - 8ª - 10ª - Ex.:
Ia Bar-sa-nul-fo pe-lo ver-de pra-do
Nos decassílabos Heróicos - 6ª - 10ª Ex
Tra-ba-lho nas no-ve-las nun-ca ve-jo
E.T. O verso Alexandrino legítimo tem cesuras na 6ª e 12ª. Se tiver
na 4ª, 8ª e 12ª. será um Dodecassílabo Quaternário. Não
necessariamente um Alexandrino.                                       Cordel
A trova é uma quadra de sete sílabas que tem de ter rima no mínimo
da 2ª com a 4ª.linhas Prefe-rível será rimar também a 1ª com a 3ª.
Encontra-se em trovas mais antigas rimas da 1ª com a 4ª e da 2ª
com a 3ª. Há também 1ª com 2ª e 3ª com 4ª, além de outras.

embora o tipo enunciado no primeiro parágrafo seja o mais usado
atualmente.) A trova, para ser bem feita, tem de ter um ACHADO. 

Achado é algo diferente e que faça valer a pena ler a trova. Adelmar Tavares diz
"Nem sempre com quatro versos setissílabos, a gente consegue fazer a trova;
faz quatro versos, somente" No livro "Como Fazer Trovas e Versos", de Eno Teodoro Wanke, ele faz interessante observação a esse respeito.
Mostrar a trova de um autor e a correção por ou-tro trovador, dando-
lhe mais qualidade. Acompanhemos o exemplo:
Trova de João Cândido, publicada no ano de 1894:


O filho do carpinteiro   
foi um artista profundo
o que fez esse luzeiro ?
Fez um conserto no mundo;

Raul Pederneiras (1874-1973), lá pelos idos de 1916, depois de
tomar bons goles de vinho, saiu-se com esta:


O filho do carpinteiro
foi um artista profundo:
com três cravos e um madeiro
fez a redenção do mundo !
Com apenas 28 sílabas temos a história do Cristianismo, mostrando o
que ele significa. Outro exemplo:


Tua boca todos sabem
é tão pequena e singela
que eu não sei como é que cabem
tantos beijos dentro dela.
Na revisão, foi mudada.

Tua boca é tão pequena
tão pequena e tão singela
que não sei como é que cabem
tantos beijos dentro dela.

Rimou apenas a 2ª com a 4ª, mas ficou mais bonita e expressiva.
Nota - Comece o Cordel sempre com letra maiúscula. A partir do
segundo verso use letra minúscula, a menos que a pontuação indique
o início de nova frase. Nesse caso, use a maiúscula novamente. Meus amigos;
Aprendam a cordelar fazendo poesia de qualidade."
 



A maioria das visitas a Mundo Cordel chega por meio de ferramentas de busca, tendo como argumento a expressão “como fazer cordel”. 

Não é para menos. 

Quando se digita essas três palavras no Google, e se clica “pesquisar”, a primeira URL da lista de resultados é o post “A técnica de fazer cordel”, . 

A segunda URL é “A técnica de fazer cordel II”, continuação da primeira.



Acredito que esses textos venham ajudando muita gente a elaborar os seus próprios cordéis, mas admito que eles me parecem mais úteis para mostrar as possibilidades de criação que para ajudar a criar.


Como fazer um cordel? Certamente, cada poeta tem o seu método de trabalho, mas deve haver pontos em comum. Falarei um pouco sobre o meu próprio método.

Quem nunca fez um cordel, pode tentar seguir esse caminho, e ver como se sai. À medida que for ganhando habilidade, pode ir adequando o método ao seu jeito próprio de fazer as coisas.


Penso que a primeira coisa a se fazer é escolher o tema. Não dá para desenvolver bem qualquer atividade escrita sem saber sobre o que se vai escrever; é claro que às vezes acontece de surgir uma idéia espontaneamente. Os fatos dos dia a dia são uma ótima fonte de inspiração, como destaco em “Uma visita inesperada”:

Para fazer os meus versos

Não falta matéria prima
Um elevador que desce
Um outro que vai pra cima
Uma van que vai parando
E nela alguém vai chegando
Atrasado pro trabalho.
Numa mesa improvisada,
Alguém vende, na calçada,
Caneta, isqueiro e baralho.

Mesmo assim, é preciso estar seguro quanto ao ponto central da obra, até para saber o caminho que se pretende seguir. 


Ao decidir fazer um cordel sobre um assalto ao qual assistiu na rua, você deve saber se o seu cordel terá como foco narrar o assalto, ou falar da violência urbana. 

Certamente que uma opção não exclui a outra. Em uma narração, sempre dá para fazer reflexões, e vice-versa, mas há que se definir a predominância.

Por falar em predominância, identifico alguns tipos de cordel:


a) Cordéis Narrativos, que contam uma história, um caso, um fato pitoresco. Podem ser subdivididos em:
1) Ficção, quando narra um fato criado pela imaginação humana, ainda que baseado em fatos reais (p.ex. “A chegada de Lampião no Inferno”), podendo ser:
i) Original, quando o próprio autor dos versos é também autor do enredo; e
ii) Adaptação, quando o autor dos versos aproveita um enredo já existente. Muito usada em relação aos clássicos da literatura.
2) Não ficção, quando o autor se propõe a narrar fatos efetivamente ocorridos (p.ex: “O ataque de Lampião a Mossoró”);
b) Cordéis dissertativos, quando o autor comenta, analisa, opina sobre determinados fatos. Muito usado para tratar de temas políticos e econômicos de interesse da população (p.ex: Cordel sobre as prisões brasileiras);
c) Cordéis descritivos, quando o autor “desenha” um cenário com seus versos. Jessier Quirino faz isso com maestria em “Paisagens do Interior” e “Parafuso de Cabo de Serrote”;
d) Cordéis em homenagem a algo ou alguém. Uma cidade, um herói, um mito, conforme se vê em “O Vôo da Patativa”, de Dideus Sales, homenageando Patativa do Assaré.


Definidos o tema e o tipo, já se pode estabelecer a mensagem central a ser transmitida, a qual pode se constituir em um “mote”. Mote é o tema sobre o qual o poeta desenvolve os seus versos, exposto no último verso da estrofe ou nos dois últimos, quando é mote de duas linhas.


Feito isso, é hora de escolher a forma. Aqui, o leitor pode buscar qualquer uma das formas relacionadas nos posts “A técnica de fazer cordel", I e II, ou criar uma nova – o que só é aconselhável para quem tem muita prática no assunto.


É bom lembrar as seguintes dicas: a) versos e estrofes mais longas funcionam melhor para temas mais complexos; b) o cordel fica melhor de ler quando cada estrofe encerra uma idéia completa, formando um conjunto harmônico.
Outra dica importante: versos curtos são melhores para situações em que se pretende dar idéia de velocidade.


Pronto. Se você já sabe o que vai dizer, quantas sílabas pode usar em cada linha e quantas linhas em cada estrofe, está com quase tudo pronto. Faltam só as rimas. Se você não tem muita prática em rimar, comece com sextilhas, rimando os versos 2, 4 e 6, e deixando os ímpares livres. 


Escreva a segunda linha pensando nas palavras que usará para terminar os outros dois versos pares, e deixe as idéias irem fluindo. Já há dicionários de rimas na Internet (Dicionário de Rimas; Rimador - SONETOS.com.br), isso pode ajudar, especialmente quem está começando.

Às vezes a necessidade de rimar nos afasta um pouco do que queremos dizer imediatamente; isso é normal; é aí que você vai descobrir o prazer de dizer as coisas de um jeito diferente, inesperado, algumas vezes inserindo palavras que não seriam necessárias, para fechar a métrica, outras, usando de muito poder de síntese, para dizer muito em um só verso. Gosto mais da segunda opção.


Para finalizar, não custa lembrar a “Receita para Cordel”, de Mundim do Vale, na qual o poeta dá verdadeira aula prática, mostrando, em versos, todos os caminhos que um bom cordelista deve seguir.


Algumas palavras finais, mas não menos importantes: cada vez mais consolida-se o pensamento de que o cordelista deve buscar escrever corretamente. 

Como bem ensina Arievaldo Viana, um ou outro erro que passe, é porque o autor errou mesmo, pois todos estamos sujeitos a isso. O cordel tem ajudado muita gente a aprender a ler. Assim, se temos condição de escrever corretamente, devemos fazê-lo.

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