Seu Deócles procurava terrenos vazios, pedia autorização ao dono para iniciar a lavoura, colhia o que plantava e doava o que colhia a creches e a abrigos de idosos em Ituiutaba (MG).
Morreu, nesta terça, em Ituiutaba, Minas Gerais, o brasileiro Deócles Gomes Machado. Na cidade, ele era conhecido como o tio Dock. No Brasil, muitos vão se lembrar do aposentado que um dia, ao se tornar viúvo, fez uma opção: em vez da solidão, a solidariedade. “Quando eu morrer, não vou levar nada. Tenho que levar meus bons atos. Trabalhar em benefício do próximo”. E há quase 20 anos o Jornal Nacional mostrou o trabalho de Seu Deócles. Procurava terrenos vazios, pedia autorização ao dono para iniciar a lavoura, colhia o que plantava e doava o que colhia a creches e a abrigos de idosos. “Ele era meu pai, mas um pai verdadeiro, pai de todo mundo”. Deócles Gomes morreu de causas naturais, segundo o atestado de óbito. Estava com 105 anos de idade e, entre os 100 mil habitantes de Ituiutaba, pelo menos um já se apresentou para seguir o caminho dele. Valmir, também aposentado, cuida de hortas em terrenos baldios, como fazia o Seu Deócles. Leva tudo o que produz no seu carrinho velho. Herdou do lavrador o amor pela terra e o carinho pelas crianças. “Porque se uma pessoa faz, a outra faz, 10 mil ajudando o que vai acontecer? Vai melhorar tudo, não vai? É só ter a vontade e a oportunidade”. As sementes e mudas de frutas, legumes e verduras cultivadas por Seu Deócles eram pagas com o dinheiro da aposentadoria dele. E chegaram a alimentar 1,2 mil adultos e crianças por mês.
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