por Alexandre Garcia
Faz 40 anos que trabalho na reportagem diária e a cada ano assisto a repetição dessas tragédias que são provocadas pelas chuvas de verão na região Sudeste. As consequências também se repetem. São dezenas de mortos a cada ano.
Se repete o diagnóstico: uma camada instável de terra que está sobre uma encosta de rochas, a terra fica encharcada e desliza sobre casas e prédios que não deveriam estar ali. Neste ano, como nos outros, as autoridades voltam a falar em interditar as áreas de risco para impedir construções. Em geral, reforçam essa intenção com o termo “definitivamente”.
Mas nem as autoridades, nem as pessoas encaram essas intenções como definitivas. Aí vem o carnaval, passa o carnaval, fazem algumas obras de contenção e as intenções deslizam e já todos começam a se preparar para a tragédia do próximo verão.
Ouvimos o geólogo dizer que as estradas foram abertas sem os conhecimentos da atualidade. Hoje há levantamentos geológicos, há mapas. Mas talvez a beleza da região seja mais forte na atração das pessoas.
O que é preciso é que os legisladores municipais façam leis mais rígidas, olhando menos para o dinheiro dos alvarás e mais para a vida das pessoas. Não basta fazer as leis. É preciso que também fiscalizem para impedir as construções e impedir tragédias como a que estamos noticiando hoje.
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