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quinta-feira, abril 09, 2009

Pânico em Copacabana




Favela do Morro dos Cabritos, em Copacabana,
é flagraada durante operação militar.

Dessa vez a revista semanal brasileira "Veja" não poupou seus leitores, com sua manchete de impacto: "Faroeste na zona sul". No entanto, a frase não foi exagerada. Os bairros ricos, da zona sul do Rio de Janeiro, acabam de viver três dias de uma tensão inédita, com algumas horas de pânico.
Favela do Morro dos Cabritos, em Copacabana, é flagrada durante operação militar
A guerrilha urbana entre policiais e traficantes de droga, normalmente restrita às ruelas íngremes das favelas, se propagou bruscamente para as avenidas de Copacabana, a dois passos da praia mais famosa do mundo.


Rajadas de metralhadora, explosões de granada, movimento intenso de helicóptero. Os pedestres, apavorados, à procura de abrigo. A polícia bloqueia as ruas, fecha um túnel, paralisa a circulação. O Rio do "asfalto", como se diz aqui, moderno e opulento, recua, vítima de um espasmo de violência semelhante àqueles que sacodem periodicamente um ou outro dos morros pobres e superpovoados dos arredores.

Tudo começou na véspera, no dia 21 de março. Um bando de traficantes, reis do tráfico na Rocinha, a maior favela do Rio, tentam "conquistar" à mão armada os pontos de venda de drogas da Ladeira dos Tabajaras, uma pequena favela que paira sobre Copacabana.

Eles se aproveitam da ausência do chefe local, atrás das grades por um bom tempo. Fracassam, e a segunda tentativa também não dá certo. No terceiro dia, o confronto entre os bandos rivais se espalha para os bairros chiques, onde voam balas perdidas. As lojas, as escolas e as creches fecham rapidamente suas portas. A polícia intervém. E é a partir daí que acontecem os tiroteios e as cenas de faroeste, mencionadas acima.

A Rocinha está na mira. Na madrugada do dia seguinte, 300 policiais conduzidos por atiradores de elite encapuzados e com o apoio de blindados invadem a favela. A operação durou nove horas, um pouco atrasada pelo óleo que os bandidos, cientes do ataque, jogaram no chão.

A polícia apreendeu uma tonelada de maconha, transportada em uma rede dependurada em um helicóptero, e desmantelou dois laboratórios de refinamento de cocaína, que produziam 200 kg por semana. A droga, vinda da Bolívia e da Colômbia, passando por São Paulo, era misturada com um pó de cimento branco.

Cerca de quinze fuzis, um deles com a coronha folheada a ouro - última moda entre os traficantes -, um grande estoque de munição e uma máquina de clonar cartões de crédito completaram as apreensões. No total, dez supostos traficantes teriam sido mortos em uma semana nas duas favelas. Entre eles, um dos chefes locais, apelidado de "o Mexicano".

Essas peripécias turbulentas têm o mérito de voltar a suscitar diversos debates recorrentes sobre a urbanização selvagem, a falta de segurança, e o combate contra os traficantes, que até agora foi perdido.

No sul do Rio, a rede urbana mistura de perto as favelas e os bairros ricos, chamados "nobres" aqui. Para conter a expansão horizontal e vertical das cerca de mil favelas, o Estado do Rio decidiu começar a cercar onze delas com muros. Não é por acaso que elas se encontram todas na "zona sul", aquela que deve ser "protegida" com prioridade dos delitos da "favelização" caótica.

As principais vítimas do narcotráfico são a imensa maioria dos habitantes das favelas - 98,5% segundo a polícia - que não têm nada a ver com a economia da droga. Para melhorar suas vidas cotidianas, é pré-requisito prender os delinquentes, reafirmando a autoridade do poder público.

Por ordem do governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), centenas de policiais se instalaram permanentemente em três favelas, sendo uma delas a Cidade de Deus, que se tornou conhecida pelo livro de Paulo Lins (1997) e pelo filme de Fernando Meirelles (2002). Mas será que o Rio tem os meios de multiplicar esse tipo de operação?

O contágio da "zona sul" pela violência ligada ao narcotráfico se deve a uma razão essencial: é aqui, nos bairros onde reside a classe média, que se encontra o grosso da demanda pela droga. Ao longo dos anos, os traficantes se aproximaram de seu mercado, por comodidade.

Obviamente os consumidores de maconha e de cocaína têm sua parcela de responsabilidade no crescimento de um comércio do qual eles são os destinatários. Um filme de Mauro Lima, lançado há um ano, também adaptado de um livro, "Meu nome não é Johnny", denunciou a culpa social da juventude descolada do Rio nesse assunto.

O flagelo da droga também atinge os mais pobres, e entre eles, os mais jovens, mais vulneráveis ao tráfico, especialmente de crack, cujo consumo disparou. Em 2008, as pedras de crack representaram 40% das apreensões efetuadas pela polícia no Estado do Rio.

Domingo passado, no centro da cidade, um drogado em abstinência de crack assassinou Karla Leal dos Reis, uma estudante de administração de 25 anos que saía de um culto evangélico. Ele atirou em sua nuca, sob o olhar horrorizado de seus pais, quando ela implorava a seu agressor para lhe deixar a Bíblia e o crachá da empresa. O assassino, um reincidente, fugiu com a bolsa da jovem e foi detido dois dias mais tarde. A bolsa continha o equivalente a sete euros

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