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segunda-feira, abril 20, 2009

13 a 17 de abril, Brasília sediou o 2o Fórum Nacional da Rede de Tecnologia Social (RTS) e a 2a Conferência Internacional de Tecnologia Social

Aldalice Otterloo

Aldalice Otterloo, diretora executiva da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), participou da organização e realização dos dois encontros. Em entrevista à Record News, ela compartilhou diversas reflexões sobre o tema.
O que é Tecnologia Social?
Aldalice - A Tecnologia Social tem o foco no desenvolvimento, no envolvimento da comunidade e no enfrentamento de uma situação-problema. A TS contribui para a redução da pobreza. Busca um desenvolvimento que seja participativo, onde a comunidade adquira a capacidade de utilização de determinada tecnologia e aplique junto com outros processos. Não é apenas uma tecnologia que vai resolver o problema de uma comunidade, mas um conjunto de Tecnologias Sociais que podem gerar renda, comercialização e a solução de um problema.
Por exemplo, em Marajó, no Pará, há produção do óleo da andiroba. A partir desse processo, as pessoas estão confeccionando uma série de produtos que ajudarão na geração de renda dessa população. A Tecnologia Social pode ser produto, processo e metodologia, possibilitando a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável da comunidade.
Muitas vezes, quando falamos em tecnologia, pensamos em algo inacessível e caro. A Tecnologia Social é o oposto disso?
Aldalice - Quando se fala em inovação tecnológica, se pensa logo na grande indústria, na produção de bens maiores para um determinado segmento da população. Mas a Tecnologia Social considera aquele grande contingente de pessoas que secularmente tiveram seus direitos negados por péssimas condições de vida, por um processo permanente de exclusão. É preciso que sejam incluídas. Não basta apenas transferir uma tecnologia para a comunidade, ou fazer uma doação. É preciso que se prepare a comunidade para gerir essa tecnologia, se apropriar dela. Há, inclusive, tecnologias que surgem na própria comunidade e que precisam ser potencializadas.
No 2o Fórum Nacional da RTS, que antecedeu a Conferência Internacional de TS, tivemos um conjunto de organizações que desenvolvem Tecnologias Sociais em todas as regiões do Brasil. A Rede de Tecnologia Social começou com 30 organizações e hoje possui 700 integrantes. A RTS é inovadora na medida em que reúne quatro atores fundamentais no processo de desenvolvimento: governo, sociedade civil, universidades e empresas.
O que é fundamental para nós, em termos de TS, é que ela pode se tornar uma política pública emancipadora. Não significa apenas atender uma determinada necessidade, mas melhorar o processo de gestão e participação da comunidade, bem como de reaplicação das Tecnologias Sociais. E essa reaplicação não é simplesmente uma transferência de um município para o outro. Na nova localidade, a tecnologia será analisada, adequada à realidade, à cultura local para que a população realmente se aproprie.
A questão da sustentabilidade está diretamente ligada às TSs. Essa sustentabilidade se traduz em mais qualidade de vida para as pessoas?
Aldalice - Com certeza. Listamos, no 2o Fórum Nacional da RTS, 59 Tecnologias Sociais. As pessoas precisam entender o que está acontecendo. Que tecnologia é essa? Como ela pode potencializar um saber já existente?
Também queremos que o profissional formado pela universidade tenha a sensibilidade para entender o contexto em que aquela tecnologia vai ser aplicada. Que ele possa fazer o assessoramento técnico considerando o contexto local, as relações familiares, o perfil das pessoas. É preciso buscar uma conexão com o conhecimento já existente na comunidade. E é preciso que a comunidade perceba que isso está sendo valorizado.
Também dialogamos muito sobre a questão da energia. O problema não será solucionado apenas com hidrelétricas. É preciso construir uma nova matriz energética, novas alternativas de produção de energia renováveis para que o impacto ambiental seja o menor possível.
Uma pessoa que recicla garrafa Pet está fazendo Tecnologia Social?
Aldalice - O conceito precisa ser melhor disseminado. Ele sabe que está transformando algo que seria descartável, permitindo comercialização e geração de trabalho e renda. Entretanto, essa pessoa precisa ser capacitada. Quando se fala em Tecnologia Social, isso também significa formação da comunidade. Trata-se de processos formativos onde se aprenda não somente sobre a tecnologia, mas se identifique e ajude a diagnosticar melhor a realidade na qual está vivendo.
Como as Tecnologias Sociais são tratadas pelo governo Lula?
Aldalice - No governo Lula, construímos espaços que, talvez, em outros governos, não tivéssemos. Falo enquanto sociedade civil, da ampliação dos espaços de diálogo, da própria construção da RTS, da participação de ministérios na Rede. Mas isso precisa avançar. Se há uma inovação na reunião de diversos atores na RTS, ela precisa ampliar esse diálogo para dentro das organizações. O desenvolvimento sustentável do Brasil está basicamente assentado no investimento dessas Tecnologias Sociais que produzem qualidade de vida, inclusão, participação da comunidade, enfim, uma nova forma de governança do território brasileiro.
Também registro que, cada vez mais, aprofundamos a relação da tecnologia com o desenvolvimento, na perspectiva de um outro modelo de desenvolvimento. Não adianta criar Tecnologia Social quando esse modelo está produzindo cada vez mais desigualdade, exclusão e pobreza. Então, é preciso que a tecnologia esteja a serviço de um novo paradigma de desenvolvimento que possa ser mais inclusivo, solidário e sustentável.

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